Chefes de Estado de dezenas de países se reuniram neste sábado (15.jun.2024) na Suíça para participar do 1º dia da “Cúpula da Paz na Ucrânia”, visando discutir estratégias para promover uma “paz justa e duradoura” no país, que está em guerra com a Rússia desde fevereiro de 2022.
Sob a liderança do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, a conferência teve como objetivo fortalecer a posição de negociação da Ucrânia, embora a Rússia não tenha sido convidada. O Kremlin criticou a realização de uma conferência de paz sem sua participação, considerando-a “impossível”.
Antes da cúpula, a Rússia impôs na 6ª feira (14.jun) condições para um acordo de paz, incluindo a rendição de Kiev. O presidente russo Vladimir Putin propôs um cessar-fogo condicional, dependente da retirada das tropas ucranianas das áreas parcialmente controladas pela Rússia e da renúncia da Ucrânia à adesão à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). As condições foram rejeitadas por Zelensky, que as comparou às táticas de Adolf Hitler.
O ucraniano considerou a cúpula suíça um sucesso. Ressaltou a presença de mais de 50 chefes de Estado e cerca de 100 delegações, incluindo representantes de órgãos europeus e da ONU. Ele enfatizou que a união internacional é crucial para alcançar a paz e expressou confiança de que “estamos testemunhando a História sendo feita aqui na cúpula”.
Líderes latino-americanos como o presidente argentino Javier Milei, o chileno Gabriel Boric, o colombiano Gustavo Petro e o equatoriano Daniel Noboa estiveram presentes na cúpula desta 6ª feira (15.jun). Apenas depois da insistência de Zelensky, o Brasil decidiu enviar a embaixadora Cláudia Fonseca Buzzi. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não considerou participar.
Além da ausência do alto escalão do governo brasileiro, houve críticas pela falta de representantes de alto nível de países aliados da Rússia no grupo Brics, como África do Sul e Índia, e pela ausência da China, levantando dúvidas sobre os avanços práticos da cúpula.
A cúpula discutiu temas como segurança nuclear, com especial atenção ao complexo de Zaporizhzhya sob controle russo, além de assistência humanitária, troca de prisioneiros de guerra e o repatriamento de crianças ucranianas ilegalmente levadas para a Rússia. Zelensky afirmou estar confiante em alcançar um entendimento sobre esses pontos em futuras negociações, que podem ser conduzidas pela ONU.
Kamala Harris, vice-presidente dos EUA, anunciou mais de US$ 1,5 bilhão em ajuda, focando no setor energético e na crise humanitária na Ucrânia, reafirmando o compromisso dos EUA com o país durante o conflito. Harris substituiu o presidente Joe Biden, que concluiu sua participação na cúpula do G7 na Itália.
Durante o G7, Biden assinou um acordo bilateral de segurança EUA-Ucrânia com Zelensky, além de participar de eventos na França relacionados ao 80º aniversário do Dia D da 2ª Guerra Mundial.