Brasil será o líder da Opep dos renováveis, diz CEO da Honeywell

O Brasil tem alinhado suas vocações geográficas com uma regulação robusta para impulsionar a produção de biocombustíveis e alçar sua posição entre as potências na transição energética. A avaliação é do CEO da Honeywell na América Latina, José Fernandes.

Em entrevista ao Poder360, o executivo afirmou que o Brasil tem potencial para se tornar o líder da “Opep dos renováveis”, uma comparação ao papel influente no setor energético que hoje é ocupado pela Arábia Saudita, o país mais influente da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo).

Para demonstrar a confiança da Honeywell no Brasil, Fernandes, que assumiu o posto de chefe de operação na América Latina em janeiro deste ano, mudou a matriz da companhia na região do México para o Brasil. Segundo o executivo, o país e os EUA serão os responsáveis por alavancar a economia global durante todo o período de transformação das fontes de energia fósseis para as limpas.

“Estados Unidos e Brasil, na nossa visão, são os países que têm condição de realmente mover a agulha na transição energética. Sem sombra de dúvida serão os países mais críticos nessa transformação”, declarou Fernandes.

Em especial, Fernandes destacou o potencial do Brasil para a descarbonização de um dos setores mais desafiadores da economia global: o setor aéreo. Atualmente, todas as fichas apostam no desenvolvimento de uma produção em maior escala de SAF (sigla em inglês para combustível sustentável de aviação) para atingir as metas de redução de emissões no mercado aéreo.

Nesse contexto, o Brasil se apresenta como um player capaz de se estabelecer como um exportador de valor agregado de um dos biocombustíveis mais procurados na próxima década. Atualmente, a Acelen e a Petrobras produzem o SAF no Brasil, sendo as duas com tecnologia da Honeywell.

Fernandes afirmou que a companhia acompanha os debates regulatórios sobre biocombustíveis no Congresso Nacional e elogiou a aprovação da lei do Combustível do Futuro, que acelera a participação de biodiesel e etanol nas bombas. “O projeto do combustível do futuro foi um grande passo na questão regulatória do setor”, afirmou.

Assista à íntegra da entrevista (25min6s):

INFRAESTRUTURA AEROPORTUÁRIA

Além de fornecer tecnologia para o setor energético, a Honeywell também atua na automatização de serviços, com atuação destacada na infraestrutura aeroportuária.

Ao Poder360, Fernandes declarou que os aeroportos brasileiros têm avançado nas últimas décadas em melhorias na sua infraestrutura. O executivo afirmou que parcerias com empresas privadas na concessão dos ativos tem melhorado a experiência de passageiros não só nos grandes centros, mas também em aeroportos regionais.

“Se a gente olhar nossa infraestrutura aeronáutica nas últimas décadas, o Brasil avançou. Mesmo nas regiões fora das capitais já existe uma infraestrutura muito melhor do que a de décadas atrás”, disse Fernandes.

Na avaliação do executivo, o que deixa os aeroportos brasileiros atrás de grandes hubs da aviação global é a falta de processos de automatização. Fernandes disse que isso não é uma exclusividade do setor aéreo brasileiro, mas que a cadeia produtiva do Brasil deve se empenhar na implementação de processos de automatização para destravar gargalos de produtividade.

“É um fator muito importante para as indústrias no Brasil. É importante que as companhias entendam as vantagens e os benefícios dos sistemas de automação para aumentar a produtividade e a eficiência nos processos”, afirmou.

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