Propostas anti-ESG crescem, mas tem pouco apoio em empresas

O número de propostas politicamente incorretas feitas por acionistas dentro das 3.000 maiores empresas dos Estados Unidos cresce ano a ano, impulsionado por grupos conservadores.

Levantamento da consultoria ISS-Corporate com informações dos 5 primeiros meses do ano mostra que o número de propostas contrárias à cartilha do ESG (boas práticas sociais, ambientais e de governança) subiram de 13 para 82 no período de 2020 a 2024.

A adesão, no entanto, ainda é baixa. A mediana de votos favoráveis de acionistas a essas propostas é inferior a 2%.

Do outro lado, propostas que sigam a cartilha ESG tiveram forte redução no apoio de acionistas de 2021 a 2023. Nos 5 primeiros meses de 2024, porém, houve uma leve recuperação.

As propostas nas assembleias de acionistas relacionadas a sustentabilidade, por exemplo, passaram de uma mediana de 49,4% de votos favoráveis em 2021 para 19,8% em 2023. Nos 5 primeiros meses de 2024, a mediana subiu levemente, para 21%.

Movimento “anti-woke”

As propostas politicamente incorretas são impulsionadas pelo think tank conservador NCPPR (Centro de Pesquisa de Políticas Públicas, na sigla em inglês), mostra reportagem recente (em inglês, para assinantes) do Washington Post.

São uma reação ao que é visto pelos conservadores como “exagero” de políticas a favor de minorias.

A organização diz que as políticas ESG e outras práticas de responsabilidade social e ambiental podem afetar os negócios.

Citam como exemplos:

  • Bud light – perdeu por alguns meses o posto de cerveja mais vendida nos EUA depois da reação de conservadores a uma campanha de mídias sociais com uma influencer transgênero;
  • Target – as vendas da loja de departamento caíram pela 1ª vez em 6 anos no verão de 2023 depois de uma polêmica envolvendo campanhas a favor do mês do orgulho LGBTQIA+. Ativistas conservadores se insurgiram contra a loja, que removeu parte do marketing pró-diversidade e acabou sendo criticada também pela comunidade LGBTQIA+.

A movimentação conservadora nas assembleias de acionistas faz parte de um movimento maior de reação à agenda abraçada por várias empresas nos últimos anos de políticas sociais e ambientais.

Ativistas conservadores começam a usar propostas e votos em assembleias de acionistas para tentar frear o movimento de adesão das companhias às práticas de ESG.

É uma tentativa de usar a mesma pressão feita por grupos ligados à sustentabilidade e à defesa de minorias nas empresas no sentido contrário.

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