O presidente da França, Emmanuel Macron (Renascimento, centro), pediu nesta 5ª feira (10.jul.2024) que as forças políticas do país formem uma coalizão governamental depois das eleições legislativas antecipadas. O pleito foi vencido pela esquerda, mas sem atingir a maioria absoluta.
Em carta publicada no jornal Le Parisien, Macron falou sobre a necessidade de um “diálogo sincero e leal” entre os partidos que compartilham os “princípios republicanos”, o Estado de Direito e a independência francesa com o objetivo de estabelecer uma “maioria sólida e necessariamente plural”.
O presidente francês também afirmou que “nenhuma força política detém uma maioria suficiente” e propôs a formação de uma aliança, excluindo o RN (Reagrupamento Nacional, direita), de Marine Le Pen, e a LFI (França Insubmissa, esquerda), de Jean-Luc Mélenchon.
O pedido de Macron se deu depois do 2º turno das eleições para a Assembleia Nacional no domingo (7.jul). No pleito, a NFP (Nova Frente Popular) surpreendeu ao sair vitoriosa, mas sem alcançar a maioria absoluta de 289 assentos necessários dos 577 para formar um governo independente.
A NFP é liderada pela LFI e integrada por partidos de centro-esquerda, verdes e comunistas. Conquistou 182 dos 577 assentos da Assembleia. A coalizão centrista de Macron, o Juntos, obteve 168 cadeiras, enquanto o RN ficou em 3º lugar com 143.
A Nova Frente Popular reivindicou o direito de indicar o próximo primeiro-ministro, mas Macron e deputados de direita, como os Republicanos, resistem a um governo liderado pela coalizão de esquerda.
O presidente disse que os eleitores não desejam que o RN governe, mas sugeriu que a nova aliança seja baseada em “ideias e programas antes de posições e personalidades”.
A NFP planeja sugerir um candidato a premiê até o final da semana. Mas, enquanto as negociações entre os partidos prosseguem, Macron afirmou que o atual premiê, Gabriel Attal, continuará responsável pelos “assuntos cotidianos, conforme a tradição republicana”.
A coalizão de esquerda, em uma declaração na 3ª feira (9.jul), pediu que o Macron “se voltasse imediatamente para a Nova Frente Popular” e permitisse que ela formasse um governo.
Afirmou que a “retenção prolongada” de Attal no cargo de primeiro-ministro poderia ser vista como uma tentativa de apagar os resultados das eleições.
“Advertimos solenemente o presidente da República contra quaisquer tentativas de sequestrar as instituições”, declarou a coalizão.
“Se o presidente continuar a ignorar os resultados, isso equivalerá a uma traição à nossa constituição e a um golpe contra a democracia, ao qual nos oporemos fortemente”, disse.
Segundo a AP News, as negociações dentro da coalizão de esquerda continuam sem um futuro bem definido por causa de divisões internas, agora que o objetivo inicial de manter a direita fora do poder foi alcançado.
Alguns integrantes pressionam por um primeiro-ministro de esquerda mais “radical”, enquanto outros, mais alinhados com a centro-esquerda, preferem uma figura mais consensual.
O primeiro-ministro da França é responsável perante o Parlamento e pode ser destituído por meio de um voto de desconfiança.