O ministro das Finanças de Portugal, Fernando Medina, disse que o acordo entre a UE (União Europeia) e o Mercosul não deve avançar no 1º semestre deste ano. Segundo ele, novos desenvolvimentos devem ficar para depois das eleições europeias de junho. Medina está no Brasil para as reuniões do G20.
“Há um contexto que tem que ser compreendido. A Europa enfrenta uma situação, depois de uma crise inflacionária, em que haverá eleições. Eu creio que, até as eleições europeias, em junho, não teremos o desenvolvimento desse tema e qualquer nova iniciativa ficará nas mãos da nova Comissão Europeia”, disse em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo publicada na 5ª feira (29.fev.2024).
Os cidadãos dos países da UE votarão, em junho, para escolher os deputados que irão compor o Parlamento Europeu. Em seguida, a composição da Comissão Europeia é definida. A atual presidente do órgão, Ursula von der Leyen, disse que buscará um 2º mandato.
Medina disse esperar que “haja capacidade de se manter o trabalho já feito” para desenhar o acordo e “perseverança” para debater “algo que é importante” e que “enfrenta receios” que precisam ser compreendidos.
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“Nós temos sido apoiadores muito claros do acordo desde o seu início e mantemos essa posição. Nossa opinião é que o acordo, no geral, é benéfico para a União Europeia e nada deve ser jogado fora”, declarou o ministro português.
Agricultores de diversos países da Europa tem realizado manifestações contra medidas da UE para o setor. Eles cobram ações para baratear os preços de seus produtos e para barrar acordos de livre comércio, como o discutido com o Mercosul.
Segundo os agricultores, o alto custo das exigências ambientais somado à concorrência com importações de baixo custo prejudicam os lucros dos produtores locais.
Medina afirmou que a UE enfrenta “um desafio importante”, que é garantir uma autonomia estratégica.
“A relação com Mercosul reforça a autonomia estratégica de forma significativa. A capacidade de comércio até agora não existe com força que pode acontecer, o que seria bom, obviamente, para dar essa mesma autonomia à União Europeia”, afirmou. “Por isso, como diz o nosso ditado português, ‘água mole em pedra dura tanto bate até que fura’. E quero deixar uma mensagem de esperança”, completou.