O Ministério das Relações Exteriores trabalha para ampliar o número de diplomatas em países da África. O continente voltou a ganhar relevância nas relações políticas e comerciais com o Brasil desde o início do 3º mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas está desfalcado de funcionários do governo brasileiro.
O continente tem atualmente 9 embaixadas ou representações brasileiras com apenas 1 diplomata em atuação, que pode ser desde o embaixador até um secretário. No total, a África tem 35 embaixadas, consulados ou representações diplomáticas do Brasil com 84 funcionários e 41 vagas não preenchidas.
Em seus 2 primeiros mandatos, entre 2003 e 2010, Lula mudou a dinâmica com os países africanos, ampliando as relações políticas e comerciais. O Brasil se aproximou do continente ao selar parcerias nas áreas de infraestrutura, energia e mineração.
O presidente fez sua 1ª viagem à África no atual mandato em agosto de 2023. Visitou África do Sul, Angola e São Tomé e Príncipe. No périplo, que foi acompanhado por uma comitiva de cerca de 160 empresários, Lula tinha como objetivo reforçar os negócios das empresas nacionais nos países, em especial no setor de infraestrutura, com a presença de grandes construtoras.
Mas, de acordo com integrantes do governo, atualmente falta um número expressivo de projetos que possam abrigar investimentos brasileiros. Para, dentre outros, antecipar oportunidades e prospectar novos negócios, o Itamaraty quer preencher as vagas que estão atualmente ociosas.
O esforço para isso faz parte de uma mudança nas regras internas para a ocupação de cargos no exterior. O Itamaraty remanejará as vagas internacionais e fará um corte de vagas para reforçar o quadro de pessoal em Brasília e estimular que mais pessoas assumam postos em países com baixa representação brasileira.
Um comunicado interno foi enviado aos funcionários do Ministério das Relações Exteriores nesta 4ª feira (31.jan.2024). Segundo o Poder360 apurou, 86 vagas foram cortadas, sendo 46 delas nos postos A, 22 em B, 14 em C e 8 em D.
De acordo com a lei 11.140 de 2006, que regulamenta o serviço no exterior, as letras diferem o tipo de país ou missão de acordo com a representatividade, condições específicas de vida na sede e a conveniência da administração. Ou seja, os cargos considerados mais relevantes são classificados como A e os menos, como D.
Por exemplo, a embaixada em Washington, nos Estados Unidos, é considerada do grupo A, enquanto a embaixada em Pequim, na China é C. Representações em países como Timor Leste, na Ásia, são da categoria D.
Lula visitará novamente o continente africano em fevereiro. No dia 15, embarca para o Cairo, no Egito, onde será recebido para uma reunião bilateral com o presidente Abdul Fatah Khalil Al-Sisi. Depois, segue para a Adis Abeba, na Etiópia, para participar da 37ª Sessão da Assembleia de Chefes de Estado e de Governo da União Africana como convidado.