A mulher de Walter Schalka –presidente da Suzano e o nome sondado para presidir a Vale– já mandou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) “tomar no cu” em carta publicada em 2014. O texto intitulado “Desabafo de uma dama de elite” foi supostamente escrito por Mônica Schalka e publicado em um blog.
O texto voltou a circular depois do jornal Valor Econômico noticiar que o nome de Schalka é estudado pela mineradora para ser o CEO. A Vale é uma empresa privada, mas tem o governo no quadro societário.
A carta aberta foi publicada em 7 de novembro de 2014, duas semanas depois do 2º turno das eleições que levaram Dilma Rousseff (PT) ao seu 2º mandato. Schalka disse estar “de saco cheio” de Lula dizer que trabalhadores são “uma classe específica de quem recebe salários baixos”.
Continuou dizendo o marido é um “super-trabalhador”. “Por mais de 30 anos, Sr. Lula, esse trabalhador acorda todos os dias às seis e meia da manhã. Cumpre uma jornada de 10 a 12 horas diárias de trabalho. Finais de semana dedicados à empresa são rotina. Paga impostos milionários que só Deus –e talvez você [Lula] e seu bando– saibam para onde vão”.
“Sr. Lula, ainda no embalo dos jargões da semana, hoje somos elite, sim! Com muito orgulho, com muito amor e, acima de tudo, com muito esforço. Nos tornamos elite às custas de empenho, sacrifícios e muita dedicação”
No ano em que a publicação foi ao ar, Dilma foi vaiada e xingada durante a abertura da Copa do Mundo da FIFA e em outros episódios daquele ano. O texto de Mônica Schalka diz que “xingar uma ‘dama’ é deselegante, […] ainda mais sendo uma autoridade” e adereçou ao Lula o xingamento: “Lula, vá tomar no cu, você!”
Junto ao texto, foi anexada um retrato que a autora considerou “bem de elite”. “O colar que está no pescoço, porém, não o tenho mais, pois foi levado por um assaltante que deixou bem claro que ‘se nem o presidente estuda e rouba pra caralho, por que eu também não posso fazer o mesmo?’ Como vê, Sr. Lula, existem trabalhadores e ‘trabalhadores”.
“Fico feliz por não fazer parte do mesmo grupo que você e o meu (seu) assaltante”.
Saída de Schalka da Suzano
A Suzano anunciou em 28 de fevereiro que Walter Schalka deixará o comando da empresa depois de 11 anos. Ele será substituído por Beto Abreu a partir de 1º de julho de 2024 e será indicado ao Conselho de Administração da Suzano, além de integrar os comitês de Estratégia e Inovação; de Sustentabilidade; de Gestão e Finanças; e de Pessoas.
O Poder360 contatou a assessoria de Walter Schalka, que disse que o executivo não aceitará um eventual convite para presidir a Vale e que não comentará sobre a carta aberta de Mônica Shalka a Lula.