Relatório divulgado nesta 4ª (12.jun.2024) pelo CDH (Conselho de Direitos Humanos da ONU) concluiu que as autoridades israelenses e o Hamas cometeram crimes de guerra e outras violações graves durante o conflito na Faixa de Gaza, iniciado em 7 de outubro de 2023. O relatório não contém quaisquer sanções, mas poderá ser usado em possíveis processos.
A conclusão do relatório, compilada por investigações baseadas em entrevistas com vítimas e testemunhas, é de que ambos os lados são acusados dos crimes por ataques crescentes contra populações civis e “assassinatos e homicídios dolosos”.
No período reportado até o final de 2023, Israel é acusado especificamente de crimes contra a humanidade por tortura, “extermínio” e “perseguição de gênero contra palestinos, assassinato, transferência forçada, tortura, tratamento desumano e cruel”. Eis a íntegra do relatório (Word – 268 kB em inglês).
Israel também foi acusado crimes como fome, detenção arbitrária, assassinato e mutilação de “dezenas de milhares de crianças”. O relatório também cita que Israel havia armado um cerco que limitava a comida e a água aos civis, isso, conforme o relatório, equivale a uma “punição coletiva”.
“É imperativo que todos aqueles que cometeram crimes sejam responsabilizados”, disse a líder da Comissão e ex-chefe de direitos humanos da ONU, Navi Pillay. “Israel deve parar imediatamente as suas operações militares e ataques em Gaza”, completou.
O Hamas também foi acusado de abusos durante os ataques de 7 de outubro, que provocaram a morte de 1.200 pessoas. “O Hamas e os grupos armados palestinos devem cessar imediatamente os ataques com foguetes e libertar todos os reféns. A tomada de reféns constitui um crime de guerra”, disse Pillay.
No relatório é abordado sobre as evidências de violência sexual generalizada cometida contra mulheres israelenses e palestinas e conclui que formas específicas de violência sexual fazem parte dos procedimentos operacionais das Forças de Defesa de Israel. A conclusão foi feita por causa da frequência, prevalência e gravidade das violações, que incluem desnudamento público e nudez destinada a humilhar a comunidade em geral.
A embaixadora de Israel para a ONU em Genebra, Meirav Shahar, criticou o documento. Ela acusou a comissão de “discriminação sistemática” contra o Estado judeu.
Meirav disse ainda que o órgão “provou mais uma vez que as suas ações estão todas ao serviço de uma agenda política estreitamente dirigida contra Israel.
“Os relatórios de hoje confirmam o que dissemos repetidamente: a Comissão Pillay nunca fará justiça às vítimas israelitas do terrorismo palestiniano”, escreveu no X (antigo twitter).