Os iranianos foram às urnas nesta 6ª feira (1º.mar.2024) para eleger um novo Parlamento, mas o destaque do pleito foi a alta abstenção. Só 27% dos eleitores do Irã votaram 10 horas depois do início da votação.
Na capital Teerã, os números foram ainda menores: apenas 12% de adesão em 8 horas. As autoridades chegaram a anunciar que as mesas de voto ficariam abertas até as 22h, duas horas mais tarde que o horário regular.
Nas últimas eleições parlamentares, em 2020, foram registrados 42,5% de adesão, que, até então, era a porcentagem mínima de participação. Para o governo iraniano, é importante contar com uma participação maior, principalmente para negar alegações de que o regime seria ilegítimo e incapaz de fornecer liberdade pessoal e progresso econômico aos iranianos.
De acordo com as autoridades locais, o motivo da prorrogação nos horários de votação seria a grande adesão popular às eleições, o que foi contrariado por grupos de oposição, que afirmaram se tratar de uma “medida de pânico”.
No sistema político iraniano, o Parlamento, formado por 88 integrantes, tem a função de nomear o próximo líder supremo, quando o titular, Ali Khamenei, morrer.
Antes das eleições, ativistas contrários ao regime fizeram campanhas no X (ex-Twitter) para incentivar iranianos a não votarem para demonstrar insatisfação com o regime atual. As hashtags mais populares foram #VOTENoVote (vote por não votar) e #ElectionCircus (o circo da eleição). Na província de Azerbaijão Ocidental, 50 pessoas foram detidas por “perturbarem a mente do público e apelar à não participação nas eleições”, segundo autoridades.
Nos próximos dias, o regime deverá ter dificuldade em divulgar os resultados, que mostrariam a participação de menos de 1/3 do país nas eleições. As agências governamentais já removeram dados de participação de algumas províncias.