O governo russo afirmou nesta 2ª feira (4.mar.2024) que embaixadores de países da UE (União Europeia) em Moscou decidiram não participar de uma reunião com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov.
Segundo informações da Tass, o encontro foi organizado depois que o Kremlin encontrou provas de que as embaixadas europeias trabalham “em mecanismos para apoiar a oposição” nas eleições presidenciais da Rússia.
“Temos muitos documentos sobre como as embaixadas da UE em Moscou estão se preparando para nossa eleição presidencial, sobre os mecanismos de interferência que usam, sobre projetos de apoio à nossa oposição não sistêmica. Em geral, sobre o que as embaixadas não têm o direito de fazer”, disse Lavrov, em declaração dada no Festival Mundial da Juventude nesta 2ª feira (4.mar).
Segundo o chanceler russo, os embaixadores europeus foram convidados para a reunião “há pouco mais de uma semana”. Lavrov afirmou ainda que, no encontro, recomendaria aos diplomatas para se absterem de cometer a suposta prática. “Dois dias antes da reunião, recebemos uma nota: ‘Decidimos não comparecer’”, disse.
O vice-presidente presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitri Medvedev, se manifestou sobre o caso. Em publicação no X (ex-Twitter), disse que a recusa dos embaixadores seguiu orientações de Bruxelas, cidade sede das principais instituições da União Europeia.
Também afirmou que a atitude “vai totalmente contra a própria ideia da existência de missões diplomáticas e designações de embaixadores”.
“Todos esses embaixadores deveriam ser expulsos da Rússia e o nível das relações diplomáticas deveria ser rebaixado. Eles não são embaixadores, mas imbecis políticos que não compreendem suas verdadeiras tarefas”, afirmou Medvedev.
ALEMANHA X RÚSSIA
O país governado por Vladimir Putin também enfrenta tensões diplomáticas com a Alemanha. O caso se deu depois que jornais russos publicaram, na 6ª feira (1º.mar), uma gravação de uma suposta ligação.
Nela, oficiais alemães discutem o envio de armas à Ucrânia e um possível ataque de Kiev a uma ponte na Crimeia, região anexada pela Rússia. As informações são da Reuters.
O Kremlin afirmou que a gravação mostrou que o Exército da Alemanha discutiu planos para atacar a Rússia e perguntou se o chanceler alemão Olaf Scholz estaria no controle da situação.
O governo russo também convocou o embaixador alemão em Moscou, Alexander Lambsdorff, para dar explicações sobre o caso.
Já o governo da Alemanha classificou a declaração como parte de uma “guerra de informações” que Putin está travando. Disse ainda que investigaria o caso e que o encontro do embaixador alemão com autoridades russas já estava programado antes da divulgação da gravação.
ELEIÇÃO NA RÚSSIA
O pleito presidencial está marcado para 15 a 17 de março. Segundo a Tass, 4 políticos participam da disputa, incluindo Putin, que tentará seu 5º mandato.
A princípio, 33 pessoas haviam se inscrito, sendo 9 candidatos vinculados a partidos e 24 independentes, mas nem todos concluíram o processo, alguns desistiram da disputa e outros não tiveram suas candidaturas aprovadas pela Comissão Eleitoral do país.