O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou nesta 5ª feira (7.mar.2024) considerar “ótimo” que funcionários públicos façam greves durante o seu governo por considerar positivo o exercício do direito de reivindicação. Disse, porém, que quando o Executivo não consegue atender às reivindicações, “sempre prega a culpa na Fazenda”, comandada pelo ministro Fernando Haddad.
“Eu fiquei sabendo que o pessoal do Instituto Federal quer entrar em greve. Ótimo. Só o fato dos caras quererem fazer greve já é bom, porque no governo passado ninguém se metia a fazer greve. Então o fato do cara falar ‘porra, o Lula está no governo, eu posso fazer uma grevezinha’, é ótimo. Que bom que ele está exercitando o direito de reclamar, o direito de reivindicar, e a gente pode exercitar o direito de dar ou de não dar. Quando a gente não pode dar, a gente sempre prega a culpa na Fazenda. Antigamente a gente jogava em cima do FMI [Fundo Monetário Internacional]. Como o Brasil virou credor do FMI, a gente não precisa mais”, disse Lula.
O presidente deu a declaração durante reunião do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, realizada no Palácio do Planalto. O encontro foi fechado e o discurso de Lula foi divulgado pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência posteriormente.
O chefe do Executivo cobrou a elaboração de uma política de inteligência artificial genuinamente “guarani” ou “yanomami” para que o Brasil não “fique a reboque” de países como os Estados Unidos e a China no futuro. “Eu ouço todo dia falar em inteligência artificial. Um país que tem tanta gente inteligente assim. Eu sei que isso tomou conta de todos os debates. Não tem um debate que eu vá, aqui no Brasil ou fora, que não entre a questão da IA”, disse.
Lula garantiu que, se houver bons projetos para o setor, não haverá falta de recursos. “Quando a gente tiver as propostas concretas, a Luciana [Santos, ministra de Ciência e Tecnologia] certamente dirá que não tem dinheiro. Ela vai conversar com o Haddad e ele vai dizer que temos que levar em conta o marco fiscal. Mas deixa eu falar uma coisa: não há hipótese de vocês terem um bom projeto e a gente não arranjar dinheiro. O discurso não faz o dinheiro, mas o projeto faz dinheiro”, disse.
Pela manhã, Lula havia dito que, quando o governo tiver mais recursos, será preciso discutir com o Congresso uma mudança no limite de gastos públicos porque há crescimento da arrecadação federal.
Mesmo com a expectativa de uma arrecadação maior que a esperada, o governo ainda discute o quanto terá ou não que contingenciar do Orçamento para ficar dentro da meta de deficit primário.
Embora Lula defenda o aumento de gastos, Haddad e a ministra Simone Tebet (Planejamento) são os principais defensores no governo do cumprimento da nova regra fiscal, que estabelece bloqueio em caso de descumprimento.