A Coreia do Norte está construindo o aparenta ser um muro na chamada zona desmilitarizada, na fronteira com a Coreia do Sul. Imagens de satélite analisadas pela BBC mostram que as terras próximas foram limpas, o que pode ser representar uma violação de trégua entre os países.
A zona desmilitarizada é uma zona de 4 km de largura entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul delimitada após o fim dos conflitos na região. Os 2 países, tecnicamente, ainda estão em guerra e nunca assinaram um tratado de paz.
“Nesse momento, só podemos especular que a Coreia do Norte tenta reforçar a sua presença militar e as suas fortificações ao longo da fronteira”, diz Shreyas Reddy, correspondente do site especializado NK News, com sede em Seul.
A construção de uma barreira de cerca de 1 km é feita em um momento de crescentes tensão entre os países. Não se sabe a data exata do início da construção. Contudo, os muros não eram visíveis até novembro de 2023.
“Na década de 1990, a Coreia do Norte criou muros antitanque para impedir o avanço dos tanques no caso de rebentar uma guerra. Mas, recentemente, a Coreia do Norte tem criado muros com 2 a 3 metros de altura e não se parecem com os muros antitanque”, disse à BBC Uk Yang, especialista militar e de defesa do Instituto Asan de Estudos Políticos de Seul.
Ele complementou: “Minha avaliação pessoal é que esta é a primeira vez que eles constroem uma barreira no sentido de separar lugares uns dos outros. A forma das paredes sugere que não são apenas obstáculos [para tanques], mas que se destinam a dividir uma área”, afirmou Yang após analisar as imagens de satélite.
Um funcionário de Estado da Coreia do Sul disse recentemente que os militares identificaram atividades em curso relacionadas com o “reforço de estradas tácticas, a colocação de minas e a limpeza de terrenos baldios”.
Houve relatos anteriores de terras sendo desmatadas em vários outros locais dentro do lado zona desmilitarizada controlado pela Coreia do Norte.
“O desmatamento poderia ser destinado tanto a aspectos militares como não militares”, afirma o professor Kil Joo Ban, do Instituto de Relações Internacionais da Universidade da Coreia.
“Isso permite que postos de observação sejam facilmente estabelecidos”, diz ele, “para que a Coreia do Norte monitore as atividades militares na Coreia do Sul” e detecte “desertores que tentam cruzar a fronteira com a Coreia do Sul”.