O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta 3ª feira (25.jun.2024) que os impactos das enchentes no Rio Grande do Sul são de curto prazo e “não faz muito sentido” o BC (Banco Central) levar em consideração na definição de política monetária, que tem efeito de médio e longo prazo.
Ele concedeu entrevista a jornalistas depois da publicação da ata da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) que decidiu manter a taxa básica, a Selic, em 10,5% ao ano. O documento deixou a porta aberta para eventuais “ajustes futuros” no juros-base.
O ministro disse que os eventuais “ajustes vão sempre acontecer” e que o cenário agora é de “manutenção do ciclo”. Haddad declarou que a ata está “muito aderente” ao comunicado, divulgado na 4ª feira (19.jun.2024), o que é, segundo ele, “bom”.
Disse ainda que há uma pressão inflacionária referente aos impactos das enchentes no Rio Grande do Sul. Afirmou que esses efeitos são de curto prazo e estão sendo administradas pelo governo federal.
“Essa é uma inflação que afeta no curto prazo. O horizonte do Banco Central é de médio e longo prazo. Não faz muito sentido levar em consideração o que está acontecendo em função do Rio Grande do Sul para fins de política monetária, porque os juros de hoje estão afetando 12 ou 18 meses para frente”, disse.
O Banco Central citou por duas vezes o desastre climático no Rio Grande do Sul na ata. Os diretores do BC afirmaram haver grande incerteza a respeito dos efeitos econômicos da tragédia. “Permanecem incertezas sobre a intensidade da queda de atividade e sua recuperação subsequente, bem como sobre a diminuição do estoque de capital, causadas pelas enchentes e inundações”, diz a ata.
O BC afirmou ainda que alguns integrantes do colegiado mostram “maior preocupação com a inflação de alimentos no curto prazo, destacando não só o efeito das enchentes do Rio Grande do Sul, como também revisões nos preços de alimentos em outras regiões”.