País deve indicar “alguns cortes de gastos”, diz Lira sobre economia

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse nesta 4ª feira (26.jun.2024) que “a macroeconomia vai bem”. Mas, segundo ele, é preciso haver “posicionamentos que indiquem que o Brasil vai cumprir o arcabouço fiscal” e discutir “alguns cortes de gasto”. 

Lira está em Portugal para participar do 12º Fórum Jurídico de Lisboa. O evento é promovido pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes em Portugal. Em entrevista a jornalistas, declarou que o Brasil deve também discutir a “segurança jurídica” e “previsibilidade para que os reais investidores” internacionais “possam ter condição de saber que vão investir e vão ter retorno”. 

De maneira geral, a gente espera que Executivo, Judiciário e Legislativo encontrem um caminho em comum, principalmente tocados pela política econômica do governo”, disse Lira. Segundo ele, hoje, se está “discutindo soluções com antecedência”. 

O deputado afirmou que “algumas matérias” foram levadas à Câmara na forma de medidas provisórias, sem que houvesse “discussão prévia”. Isso, disse Lira, “causa um tumulto”.

REFORMA TRIBUTÁRIA

Lira afirmou que a reforma tributária deve ser votada na Câmara na 2ª semana de julho. Conforme o presidente da Casa, um relatório do grupo de trabalho que discute o tema se tornará público em 3 de julho. “Entre 10, 11 e 12 [de julho], devemos estar votando a lei complementar, se todos os deputados estiverem convencidos de que ela está madura para isso”, afirmou. 

Não penso que vá haver, a princípio, até lá nenhum problema que possa postergar essa votação”, completou. 


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“GILMARPALOOZA”

O 12º Fórum de Lisboa, promovido por Gilmar em Portugal, é uma tradição e foi batizado de “Gilmarpalooza” –junção dos nomes do decano e do festival de música Lollapalooza originado em Chicago (EUA) e cuja versão brasileira é realizada todos os anos em São Paulo com uma multitude de bandas de muitos lugares.

Anfitrião do evento lisboeta, Gilmar convidou todos os ministros do STF –que se dividiram:

A programação inicial contava com todos os ministros do STF. O documento oficial com todos os painéis do fórum e seus participantes havia sido publicado pelo Poder360 em 13 de junho. Depois da publicação, os organizadores do evento procuraram este jornal digital e disseram que se tratava de lista ainda preliminar e passível de alterações –embora não houvesse nenhuma ressalva no arquivo a respeito dessa possibilidade.

A seguir, os números atualizados do “Gilmarpalooza” –entre parênteses, o número de autoridades de cada esfera do poder que constavam na programação inicial:

  • 5 ministros do STF (eram 10);
  • 12 ministros do STJ (continuam sendo 12);
  • 2 ministros do TCU (eram 7);
  • 1 ministro do TSE (eram 5);
  • 5 ministros de Lula (eram 14);
  • 4 governadores de Estado (eram 9);
  • 5 senadores (eram 8);
  • Arthur Lira + 5 deputados (eram 7).

QUEM PAGA

O STF tem reiteradamente declarado que não paga os custos de viagens particulares de ministros, que são livres para aceitar convites para palestras e seminários. Não fica claro desta vez se cada autoridade presente no fórum pagará suas despesas ou se os organizadores vão bancar passagens, hospedagens e alimentação.

O que cabe à Corte é pagar pela segurança dos ministros, não importa onde estejam. Mesmo em caso de viagem para uma atividade privada, todos os 11 magistrados têm direito a ser acompanhados por algum agente policial.

Barroso havia dito em 10 de junho que há uma falta de compreensão” com as viagens dos ministros e que eles vivem encastelados”. Chamou de implicância as críticas a Toffoli, que foi para Londres assistir à final da Champions League e levou um segurança –ao custo de R$ 39.000.

Em 2021, o Poder360 mostrou que os magistrados do Supremo contavam com 32 seguranças em Brasília, 16 em São Paulo, 4 no Rio e 7 no Paraná. O custo anual era de R$ 7,9 milhões por ano. Atualmente, porém, os valores não estão claros no site do STF e não se sabe exatamente onde cada ministro esteve com seus seguranças.

No Brasil, os ministros da mais alta Corte do país não são obrigados a divulgar anualmente os relatórios de suas atividades privadas, diferentemente do que é feito nos Estados Unidos (entenda neste texto).

Os magistrados da Suprema Corte dos EUA têm sido pressionados sobre a relação mantida com a iniciativa privada. Editoriais de jornais norte-americanos e a sociedade civil têm sido críticos sobre como os magistrados atuam em atividades privadas. Há um sentimento crescente sobre a atuação dos juízes poder representar conflito de interesses.

QUEM ORGANIZA O FÓRUM

O tema do fórum de 2024 é “Avanços e recuos da globalização e as novas fronteiras: transformações jurídicas, políticas, econômicas, socioambientais e digitais”.

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