Biden e Trump vão a debate empatados em pesquisa

Pesquisa do YouGov/Economist realizada dos dias 23 a 25 de junho mostra empate na intenção de votos entre o atual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden (Democrata) e seu adversário, o ex-presidente Donald Trump (Republicano). Segundo a pesquisa, 42% dos eleitores norte-americanos planejam votar em ambos os candidatos.

Esse empate na pesquisa se dá no momento em que Biden e Trump estarão frente a frente em um debate pela 1ª vez em 4 anos, nesta 5ª feira (27.jun.2024). O embate é uma reedição da disputa de 2020. Começa às 22h (horário de Brasília) e será transmitido ao vivo pela CNN no Brasil.

Os debates nas eleições norte-americanas em geral são realizados num período mais próximo da disputa (que será em 5 de novembro). Desta vez, o encontro será realizado sem que Trump e Biden estejam ainda nomeados oficialmente como candidatos por suas legendas. As convenções nacionais dos partidos Republicano e Democrata estão marcadas para julho e agosto, respectivamente. O debate na noite desta 5ª feira (27.jun) está programado para durar uma hora e meia (90 minutos) e incluirá 2 intervalos comerciais.

Biden entra no debate presidencial sem uma vantagem clara sobre seu oponente, com as pesquisas indicando o cenário de empate técnico em diversos estados decisivos —os chamados “swing states”. Isso pode levar o democrata a aproveitar os holofotes para adotar uma postura mais agressiva contra Trump, principalmente depois da condenação do republicano por 34 acusações criminais em Nova York, em 30 de maio, tornando-se o 1º presidente dos EUA na história a ser condenado pela justiça comum.

Mesmo com o empate entre os presidentes, Trump não goza de amplo favoritismo a menos de 6 meses da revanche contra Biden nas urnas. Isso porque, depois do pleito, envolveu-se em diversas polêmicas, prejudicando sua imagem perante o eleitorado.

Trump deixou o cargo com 34% de aprovação. Nos meses seguintes, o republicano seguiu negando o resultado da votação. É investigado por incitar os atos que levaram à invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, que deixou 6 pessoas mortas no dia da diplomação da vitória de Biden e o retorno dos democratas à Casa Branca.

O histórico judicial de Trump não favorece, mas Biden não decola. Desde 2023, nenhum dos candidatos abriu mais de 4 pontos percentuais de vantagem nas pesquisas.

Erros de Biden

Em meio à polarização política no país, a administração do democrata enfrenta alta desaprovação em relações a políticas do governo. Se destacam a crise migratória na fronteira com o México e a diplomacia em crises internacionais.

No início deste ano, Biden acusou o governador republicano do Texas, Greg Abbott, de obstruir o acesso de agentes federais em áreas da fronteira, numa tentativa de retomar o controle. Em seguida, Abbott pediu a mudança da jurisdição que confere à Casa Branca ampla autoridade sobre imigração.

Em fevereiro, defendeu um pacote migratório sobre segurança na fronteira que lhe permitiria fechar a fronteira temporariamente. O projeto foi rejeitado no Senado.

O governo norte-americano também tem sido criticado por hesitações e controvérsias em lidar com crises internacionais. Biden chegou a confundir a Ucrânia com a Faixa de Gaza ao anunciar o envio de ajuda humanitária à região do Oriente Médio.

A atitude do democrata em relação ao conflito no Oriente Médio, especialmente depois da invasão da Faixa de Gaza, e a defesa de ações do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, apesar de acusações do TPI (Tribunal Penal Internacional), afetam negativamente a imagem do atual presidente e a sua campanha de reeleição.

Polêmicas de Trump

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump enfrenta forte rejeição não só pelos entraves jurídicos, mas porque também coleciona polêmicas em sua 3ª campanha presidencial consecutiva.

Em 20 de maio de 2024, Trump divulgou um vídeo que sugeria a criação de um “Reich unificado” caso fosse reeleito. O termo refere-se aos impérios alemães, mas é comumente associado ao regime nazista de Adolf Hitler, descrito como o “3º Reich”.

O republicano também opinou sobre a guerra entre Israel e o Hamas. Ele chamou os manifestantes pró-Palestina acampados em universidades de “extremistas de esquerda”. E criticou Joe Biden por não se posicionar sobre protestos nas instituições.

Em relação às políticas migratórias, que protagonizaram a eleição há 4 anos, o ex-presidente não descartou a possibilidade de estabelecer campos de detenção e prometeu deportar imigrantes ilegais “o mais rápido possível”.

Além disso, o republicano foi considerado culpado nas 34 acusações apresentadas contra ele, que envolvem o encobrimento de um pagamento feito à atriz pornô Stormy Daniels durante a campanha eleitoral que o levou à Presidência em 2016 para que ela não divulgasse um caso extraconjugal entre os 2.

A sentença será divulgada pelo tribunal em 11 de julho, 4 dias antes da Convenção Nacional do Partido Republicano que decidirá o candidato do partido para disputar a Casa Branca em 5 de novembro.

Voto não obrigatório

Nos EUA, ninguém é obrigado por lei a votar em qualquer eleição local, estadual ou presidencial. Segundo a Constituição, votar é um direito, mas não é um requisito.

Colégio eleitoral

O presidente e o vice-presidente dos EUA são eleitos indiretamente pelo Colégio Eleitoral. Cada Estado tem o mesmo número de delegados que cadeiras no Congresso (Câmara dos Deputados e Senado). São 538 delegados.

Depois de votar para presidente, o voto é contabilizado ao nível estadual. Em 48 Estados e em Washington, D.C. o vencedor recebe todos os votos eleitorais daquele Estado. Maine e Nebraska atribuem seus eleitores usando um sistema proporcional.

Um candidato precisa do voto de pelo menos 270 delegados –mais da metade do total– para vencer a eleição presidencial.

Geralmente, um vencedor projetado é anunciado na noite da eleição em novembro. No entanto, a votação oficial do Colégio Eleitoral é realizada em meados de dezembro, quando os delegados se encontram.

A diplomação do resultado para as eleições deste ano será em 6 de janeiro de 2025. A posse, em 20 de janeiro.

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