A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse nesta 5ª feira (27.jun.2024) que a taxação de grandes fortunas deve ser feita para financiar a transição climática no país. Afirmou também que os incêndios florestais que atingem o Pantanal antes do que era previsto são majoritariamente causados pela ação humana.
“É por isso que a mudança do clima e o combate à desigualdade precisam de propostas disruptivas. Por muitos anos transformamos natureza em dinheiro. Agora chegou a hora de transformar dinheiro em preservação da natureza e desenvolvimento sustentável com a taxação das grandes fortunas para fazer a transição climática no Brasil que o mundo precisa”, disse.
A ministra deu as declarações em discurso durante a abertura da 3ª reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável, conhecido como “Conselhão”. O encontro é realizado no Itamaraty e reúne 250 conselheiros. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e outros ministros participam.
Segundo pesquisa da Ipsos publicada neste mês, 69% dos brasileiros são a favor de taxar os super-ricos. Essa porcentagem é parecida com a média dos demais países do G20, do qual o país faz parte. Eis a íntegra (PDF – 2 MB).
Em 6 de junho, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, encontrou-se com o papa Francisco no Vaticano. O objetivo do encontro era conseguir apoio público do papa nas discussões sobre a taxação dos super-ricos, algo que já havia sido mencionado ao pontífice pelo líder do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra), João Pedro Stédile, durante visita em maio.
Depois do encontro, Haddad publicou em seu perfil no X que “uma inclinação afetuosa do espírito para a vida é o caminho para uma sociedade mais justa, fraterna e solidária”. “Uma economia global de laços que combatem a miséria e a pobreza”, disse.
Queimadas no Pantanal
Em sua fala, Marina pediu que haja consciência da população local para evitar novos focos de queimada no Pantanal para que o combate possa ser efetivo. Disse que o governo está “na mão da consciência das pessoas”.
“Se as pessoas não pararem de queimar, se nós botarmos 3.000, 10.000 pessoas na linha de fogo, não tem como fazer frente. Nesse momento, nós estamos na mão da consciência das pessoas. Eu faço um apelo para que cada pessoa que está aqui entenda que a natureza já nos deu um recado e que a gente se sinta por avisado. E o recado é: trabalhem unidos”, disse.
Marina afirmou que os municípios da região que mais desmataram nos últimos anos são agora os mais afetados pelas queimadas. “É correlação direta”, disse.
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Em 24 de junho, o governo do Mato Grosso do Sul decretou situação de emergência nos municípios afetados pelos incêndios florestais. O decreto tem prazo de 1.280 dias e autoriza os órgãos estaduais a atuar sob a coordenação da Defesa Civil do Estado, em ações que envolve respostas ao desastre, reabilitação do cenário e reconstrução.
No mesmo dia, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, que o governo federal repassará “o montante que for necessário” ao Mato Grosso e ao Mato Grosso do Sul para reduzir os impactos dos incêndios no Pantanal.
No Conselhão, Marina afirmou que a gestão do risco é mais barata do que a gestão do desastre. Citou como exemplo o montante de R$ 80 bilhões estimados para ajuda humanitária e reconstrução do Rio Grande do Sul.
“É por isso que a mudança do clima e o combate à desigualdade precisam de propostas disruptivas. Por muitos anos transformamos natureza em dinheiro. Agora chegou a hora de transformar dinheiro em preservação da natureza e desenvolvimento sustentável com a taxação das grandes fortunas para fazer a transição climática no Brasil que o mundo precisa”, disse.