Depois da tentativa de golpe contra o presidente da Bolívia, Luis Arce (Movimiento al Socialismo, esquerda), na 4ª feira (26.jun.2024), os cidadãos passaram a suspeitar de um “autogolpe”, disse a socióloga boliviana Marite Zegada em entrevista ao Poder360.
“Hoje, a população está assombrada. Suspeita se o governo acumulou seus esforços para manter a posição de que é vítima de um golpe”, declarou Zegada ao explicar o contexto social do país.
Antes ser preso pela tentativa de golpe, o general Juan José Zúñiga afirmou, sem apresentar provas, que o presidente Arce pediu uma ação para “aumentar a sua popularidade”.
“No domingo, eu meu reuni com o presidente. Ele me disse que a situação está ‘foda’, que a semana é crítica e que seria necessário algo para aumentar a sua popularidade. Então eu perguntei: ‘Tiramos os blindados?’ e ele disse: ‘Tire’. No mesmo dia os blindados começaram a ser preparados”, disse o general.
Contextualizando a situação social da Bolívia, Zegada também citou o “momento muito crítico” que o país está enfrentando, com escassez de combustíveis e a economia entrando em risco.
“Está difícil para o presidente Arce contornar o problema econômico que está vindo à tona e, junto a pressão de Evo Morales, é um cenário crítico. É por isso que ontem me chama muita a atenção, porque não tinha uma explicação lógico do que estava acontecendo”, afirmou.
O doutor em Ciência Política Maurício Santoro também declarou, abordando o problema na balança de pagamentos, que contexto econômico do país abalado “contribuiu para a instabilidade”.
“Isso contribuiu também para a instabilidade e desconfiança com relação ao governo. A popularidade do presidente Arce é muito baixa e tudo isso somado criou um caldo político que favoreceu uma um incidente como que a gente viu essa semana, de um general tentar derrubar o governo”, afirmou ao Poder360.
ENTENDA O CASO
Às 15h57 (horário de Brasília) de 4ª feira (26.jun), o presidente da Bolívia, Luis Arce, anunciou a tentativa de golpe depois que veículos blindados e militares estacionaram nas esquinas da Plaza Murillo, onde fica o Palácio Quemado, sede da Presidência boliviana, e a Assembleia Legislativa Plurinacional, na cidade de La Paz.
Assista (1min39s):
O movimento foi comandado pelo general Juan José Zúñiga, ex-comandante do Exército da Bolívia destituído na 3ª feira (25.jun) depois de criticar o ex-presidente boliviano Evo Morales. A jornalistas, Zúñiga disse que os militares buscavam “restaurar a democracia” e pediu a liberação imediata de presos políticos.
Imagens divulgadas nas redes sociais mostraram o momento em que um tanque de guerra atingiu a entrada do palácio presidencial em La Paz.
El levantamiento antidemocrático de algunas unidades del Ejército de Bolivia, solo merecen el más enérgico repudio.
Mi respaldo incondicional al presidente Luis Arce y convoco a la defensa firme de la democracia. No permitamos que la voluntad del pueblo sea avasallada. Fuerza… pic.twitter.com/20lbVoCji4
— Alberto Fernández (@alferdez) June 26, 2024
Em outro registro, o presidente boliviano apareceu enfrentando o general Zúñiga do lado de fora do palácio.
🔷 Momento en que el presidente de Bolivia @LuchoXBolivia enfrenta a los militares golpistas
🔹 Arce ordenó al Gral. Juan José Zúñiga replegar las fuerzas inmediatamente
📌 Cortesía pic.twitter.com/uGD3hjTmlk
— Agencia Venezuela News (@VNVenezuelanews) June 26, 2024
Arce mudou o comando do Exército por causa da tentativa de golpe. Ao lado do presidente no Palácio Quemado, o novo comandante, José Wilson Sánchez, ordenou que as tropas recuassem. “Peço, ordeno que todo o pessoal que se encontra mobilizado deve voltar às suas unidades”, declarou.
Por volta das 19h (horário de Brasília) desta 4ª feira (26.jun), os militares começaram a deixar a Praça Murillo.