O Mercosul (Mercado Comum do Sul) celebrou a entrada da Bolívia ao bloco e condenou “toda tentativa de afetar instituições democráticas” do país em comunicado conjunto divulgado nesta 2ª feira (8.jul.2024), depois da cúpula de líderes do bloco, realizada em Assunção (Paraguai). A declaração se dá depois de o governo da Argentina acusar a tentativa de golpe de “fraude”.
O documento é assinado por todos os líderes da cúpula que, nesta edição, contou com a ministra das Relações Exteriores Diana Mondino para representar a Argentina. O presidente Javier Milei (La Libertad Avanza, de direita) não foi. No fim de semana, esteve em evento conservador no Brasil, ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A Bolívia efetivou a sua entrada no Mercosul depois que o Congresso do país andino aprovou por unanimidade o requerimento de adesão em 4 de junho –a tempo do presidente Luis Arce (Movimento ao Socialismo, de esquerda) apresentar o termo na reunião de líderes.
“Reiteramos que toda tentativa de afetar instituições democráticas ou afetar a ordem constitucional na Bolívia deve ser condenado. O estado de direito e o apego às instituições democráticas devem ser sempre apoiados”, disse o comunicado.
Militares cercaram e invadiram a sede do governo boliviano em 26 de junho. O movimento foi liderado pelo ex-chefe do Exército Juan José Zúñiga, demitido dias antes por dizer que prenderia o ex-presidente Evo Morales se tentasse a reeleição. Ele foi preso.
O governo Milei divulgou um comunicado em 30 de junho criticando a alegação de golpe ocorrido dias antes sugerindo, sem provas, que o relato não era convincente dada a “situação sociopolítica boliviana”.
“O relato divulgado era pouco crível e os argumentos não se encaixavam no contexto sociopolítico do país latino-americano. O partido político governante controla o Poder Legislativo, o Poder Judiciário, o Poder Executivo e as Forças Armadas”, diz o comunicado argentino.
Em resposta, o governo Arce repudiou as declarações e convocou o embaixador argentino no país para prestar esclarecimentos.
Na sequência, Milei chamou a movimentação militar de “fraude montado” em uma publicação no seu perfil no X (ex-Twitter). No mesmo dia, o governo convocou o embaixador boliviano em Buenos Aires para consulta e publicou uma nova nota de repúdio acerca das declarações.
“Reafirmaram seu firme compromisso com os objetivos e princípios dos tratados fundacionais do Mercosul, bem como com os princípios de consenso e reciprocidade de direitos e obrigações, com vistas a fortalecer o processo de integração regional”, diz o comunicado dos países que integram o Mercosul.
ECONOMIA E ENERGIA
Dentre os outros pontos abordados no comunicado, os integrantes do Mercosul voltaram a defender a integração da região, citando a criação de grupos de trabalho no setor automotivo e nas áreas de controle integrado nas fronteiras. No setor energético, voltaram a defender a necessidade de uma rede elétrica e gasífera.
“O aprofundamento da integração gasífera, tanto por meio da extensão e ampliação da rede de gasodutos como também a execução de projetos de gás natural liquefeito e o aproveitamento da infraestrutura existente permitirá o aproveitamento deste recurso como combustível complementar de transição energética.”
O documento também pede o fortalecimento da estabilidade monetária, financeira e de preços nos países. Cirando o encontro de ministros da Economia e dos presidentes dos Bancos Centrais no domingo (7.jul) em Assunção.