O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta 3ª feira (9.jul.2024) que a desunião entre “forças democráticas” só serve à “extrema-direita”. Em declaração à imprensa na Bolívia, onde se reuniu com o presidente Luis Arce, o petista afirmou que a integração é necessidade de sobrevivência para os países da América do Sul.
“Em todo o mundo a desunião das forças democráticas só tem servido à extrema-direita […] exemplos recentes na França, a confirmar, e Reino Unido demonstram o imperativo de superar diferenças em prol de um objetivo comum. Isso também se aplica a integração regional. Quanto mais sólida for nossa parceria, menor será o apelo dos que pregam divisões”, declarou.
Lula desembarcou em Santa Cruz de la Sierra, principal polo econômico do país, na noite de 2ª feira (8.jul). Foi recebido por Arce nesta 3ª feira (9.jul) com honras de chefe de Estado.
Assista (49s):
A viagem se dá depois da realização da cúpula do Mercosul, em que o país andino foi oficializado como integrante pleno do bloco. O Senado boliviano aprovou o requerimento de adesão em 3 de julho, em uma vitória para o governo Arce. Lula volta à Brasília na noite desta 3ª (9.jul).
Dentre os acordos assinados estão:
- memorando de Jirau: aumento da capacidade da hidroelétrica de Jirau, localizada em Rondônia, para 90 m³/s;
- protocolo de combate ao tráfico de pessoas;
- protocolo de saúde: universalização do atendimento na rede pública de ambos os lados da fronteira.
A visita pretende ainda reestabelecer as relações entre os 2 países, enfraquecida durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Luis Arce já visitou o Brasil 4 vezes desde que Lula voltou à Presidência.
Repetindo o tom de união usado no Mercosul, Lula disse ser fundamental que o continente se una para ter mais voz no cenário mundial.
“Integração não é mais retórica de discurso em época eleitoral. Integração é necessidade de sobrevivência dos países da América do Sul, do Brasil e da Bolívia. É preciso dar chance no século 21 para que Brasil, Bolívia e outros países da América Latina deixem de ser tratados como países em vias de desenvolvimento ou países do 3 mundo”, disse.
O presidente brasileiro também declarou que não se pode tolerar “devaneios autoritários” e “golpismos”. A Bolívia sofreu uma tentativa de golpe de Estado há semanas.
“Não podemos voltar a cair nessa armadilha, não podemos tolerar devaneios autoritários e golpismo. Temos a enorme responsabilidade de defender a democracia contra tentativas de retrocesso”, afirmou.
Lula falou que deve conversar por telefone a cada 2 meses com o presidente boliviano e criticou quando a burocracia impede o avanço em negociações entre os países.
“A partir de agora decidimos que vamos nos telefonar a cada 2 meses, cada problema que os ministros tiverem na execução dos projetos temos eu saber imediatamente. Porque às vezes Uma simples má vontade burocrática não permite que um bom projeto seja levado à frente. Queremos abrir nosso continente para o mundo e queremos participar do desenvolvimento.”