Lula muda comunicação para ampliar influência em ano eleitoral

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mudou a estratégia de comunicação neste início do 2º ano do seu 3º mandato. Interessado na influência que pode ter nas eleições municipais, o chefe do Executivo ampliou o contato com jornalistas e diversificou a forma de dar entrevistas, priorizando veículos de comunicação locais.

Em janeiro de 2024, Lula concedeu 5 entrevistas exclusivas, a maioria para veículos regionais (Leia no infográfico abaixo). Também participou de entrevista ao lado do ministro Camilo Santana (Educação) com vários jornalistas para lançar o programa Pé de Meia, que garante uma poupança para alunos de baixa renda do Ensino Médio. O objetivo é reduzir a evasão escolar. A coletiva, no jargão jornalístico, foi realizada em 26 de janeiro.

O governo quer ampliar o contato com emissoras regionais, especialmente de rádio. O objetivo é alcançar o maior número de eleitores possível usando a audiência de veículos já consolidados nas regiões brasileiras.

Tal alcance não se concretizou em 2023 com o programa “Conversa com o presidente”. Ele foi exibido semanalmente, às terças-feiras, às 8h. O jornalista Marcos Uchôa, ex-TV Globo e atualmente contratado pela EBC, entrevistava Lula. As perguntas eram sempre favoráveis ao presidente. Também englobavam políticas públicas ou programas do governo que o presidente queria apresentar.

Como o Poder360 mostrou, Lula realizou 22 edições do “Conversa com o presidente” em 2023. Começou o programa em 13 de junho. Em 20 transmissões ao vivo de Lula, 117,5 mil pessoas acompanharam simultaneamente, em média. É um número baixo se comparado ao seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL), que popularizou o formato.

As 20 primeiras lives do ex-presidente acumulam 21,5 milhões de views no Facebook. A mais vista é a 1ª (assista aqui), realizada em 7 de março de 2019. A transmissão tem 2,4 milhões de visualizações. Ao todo, as 20 edições das lives de Lula, somadas, registram 1,1 milhão na mesma rede social.

Na 3ª feira (30.jan.2024), o presidente conversou com o jornalista Elielson Lima, da rádio CBN Pernambuco. Na semana passada, em 23 de janeiro, participou do programa “Bom dia com Mário Kertész”, da rádio Metrópole, da Bahia.

Ambos estiveram presencialmente no Palácio da Alvorada, no mesmo horário, às 8h. Também foram supervisionadas pelo secretário de Audiovisual, Ricardo Stuckert, e transmitidas nos canais oficiais do presidente. No ano passado, esse tipo de entrevista era feito virtualmente.

Lula dará uma entrevista a um grupo de jornalistas nesta 4ª feira (31.jan.2024) sobre segurança pública. O ministro Flávio Dino (Justiça), que está prestes a deixar o cargo, também participará. Em 8 de fevereiro, Lula falará com jornalistas em Minas Gerais. Será a sua 1ª viagem ao Estado desde que voltou para o Palácio do Planalto.

Além disso, a Secom planeja realizar uma espécie de “Roda Viva” no Palácio do Planalto. O nome é uma alusão a um dos mais tradicionais programas de entrevistas da televisão, em que o entrevistado é colocado “no centro da roda” e questionado por um grupo pequeno de repórteres.. É exibido pela TV Cultura.

De janeiro de 2023 a 30 de janeiro de 2024, Lula deu 27 entrevistas exclusivas. Eis a lista:

Desde junho do ano passado, Lula repete a prática adotada pelo adversário Jair Bolsonaro (PL), que usou as plataformas digitais como sua arena eleitoral. Durante seu governo, o então presidente falava ao vivo quase todas às quintas-feiras, às 19h, e o seu principal canal de transmissão era a sua página no Facebook.

No último domingo (28.jan.2024), Bolsonaro reuniu o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) em uma “Super Live” para organizar a militância para as eleições municipais. A transmissão registrou pico de audiência de 470.960 espectadores simultâneos por volta das 20h20. Bolsonaro zombou dos números do petista.

Em 2 de janeiro de 2024, o ministro Paulo Pimenta, declarou ser uma “loucura completa” comparar as audiências das transmissões realizadas por Lula e as promovidas por Bolsonaro. Segundo ele, a tecnologia era “completamente distinta”.

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