EUA vetam 3ª resolução de cessar-fogo entre Israel e Gaza

Os Estados Unidos vetaram pela 3ª vez uma resolução encaminhada ao Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) para determinar um cessar-fogo imediato na guerra entre Israel e o Hamas. A decisão foi tomada nesta 3ª feira (20.fev.2024).

A proposta foi elaborada pela Argélia e recebeu o apoio de 13 dos 15 países integrantes. Os EUA, que têm poder de veto por ser uma nações permanentes do colegiado, barrou o texto.

Antes da votação, o embaixador da Argélia na ONU, Amar Bendjama, afirmou que “um voto a favor deste projeto de resolução é um apoio ao direito dos palestinianos à vida. Por outro lado, votar contra implica um endosso à violência brutal e ao castigo colectivo infligido a eles”.

A embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, já havia dito que vetaria o projeto da Argélia em decorrência dos reféns israelenses que seguem sob domínio do Hamas. 

Nesta 3ª feira (20.fev), a diplomata declarou que “exigir um cessar-fogo imediato e incondicional sem um acordo que exija que o Hamas liberte os reféns não trará uma paz duradoura”.

A delegação norte-americana preparou outra resolução pedindo o cessar-fogo na Faixa de Gaza. Ainda não foi apresentada para votação. O texto do país determina que a pausa nos ataque se dê apenas quando Hamas libertar os reféns israelenses.

EXPECTATIVA FRUSTRADA DO BRASIL

A decisão do Conselho de Segurança da ONU, com o veto dos EUA à proposta de cessar-fogo em Gaza, frustra uma expectativa do governo brasileiro. Celso Amorim, assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, chegou a dar uma declaração para o jornal Folha de S.Paulo dizendo que o petista estava liderando mundialmente uma mudança da conjuntura no Oriente Médio.

“A fala do Lula sacudiu o mundo e desencadeou um movimento de emoções que pode ajudar a resolver uma questão que a frieza dos interesses políticos foi incapaz de solucionar”, disse Amorim à Folha. A decisão da ONU nesta 3ª feira mostra que o ex-chanceler (que atua hoje como chanceler de facto) não fez uma análise correta da conjuntura.

O Palácio do Planalto, sob orientação de Celso Amorim e com a anuência de Lula, resolveu propagar a versão de que o presidente brasileiro agiu de maneira estratégica no último fim de semana ao comparar as ações do governo de Israel à política de Adolf Hitler para exterminar judeus durante a 2ª Guerra Mundial. Era como se a declaração do petista tivesse sido muito bem estudada para provocar um choque e uma mudança na atitude de vários países, inclusive por parte dos Estados Unidos. A divulgação dessa versão, publicada de maneira irrefletida por vários veículos jornalísticos brasileiros, foi apenas uma tentativa de consertar o estrago causado pela fala presidencial.

Na realidade, o que se passou foi que o presidente brasileiro improvisou. Diante de um grupo limitado de jornalistas com pouca capacidade de contraditá-lo, Lula se empolgou numa entrevista que concedeu em Adis Abeba, na Etiópia. Aí resolver fazer a comparação entre a atuação de Israel em Gaza com a da Alemanha nazista de Hitler durante a 2ª Guerra Mundial.

O efeito prático até agora tem sido negativo. Os comentários em redes sociais são majoritariamente ruins para o Planalto. A oposição ao governo tem se aproveitado para criticar a administração lulista. Governos de países desenvolvidos são críticos da mortandade de árabes na Faixa de Gaza, mas seguem demandando de maneira incisiva uma atitude pró-ativa do Hamas, que até hoje mantém reféns israelenses em cativeiro. O grupo extremista tem sido pouco cobrado pelo Palácio do Planalto para que libere imediatamente os reféns, atitude que certamente levaria a um imediato cessar-fogo como deseja Lula.

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