CPI da Braskem não chega a consenso sobre relator

Os integrantes da CPI da Braskem não definiram o relator da comissão na manhã desta 4ª feira (21.fev.2024). O senador Renan Calheiros (MDB-AL) quer assumir os trabalhos, mas enfrenta resistência por ser do Estado alvo das investigações e pela rivalidade com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

A conversa entre os senadores teve início às 10h30 e durou mais de uma hora. O senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI, disse que a reunião foi adiada para 16h, devido ao impasse na escolha do relator, e assegurou que se continuar presidente da comissão a investigação “não se restringirá a Alagoas”.

“Não definimos por razões que eu coloquei lá. Vou ser franco, a [CPI] não será específica à cidade de Maceió ou ao Estado Alagoas. Ela tem que ser específica em relação ao procedimento que a empresa fez lá. Os problemas não começaram com a Braskem, são bem anteriores a isso”, afirmou Aziz.

Calheiros foi o autor do pedido para que a CPI fosse criada. A comissão foi instalada em 13 de dezembro do ano passado e pretende apurar a atuação da Braskem em Maceió. Sentença judicial já proferida responsabiliza a Braskem pelo afundamento do solo em 5 bairros da capital alagoana.

No entanto, o senador é rival político de Lira, com quem divide o mesmo reduto eleitoral. Como o governo tem relação com os 2 congressistas, não quer que a CPI leve a divergências maiores. Por isso, senadores de partidos da base querem uma opção “mais neutra” como relator e o nome de Rogério Carvalho (PT-SE) ganha força.

A depender de como as ações do colegiado caminhem, as investigações podem influenciar na popularidade de Lira em Alagoas. A CPI pode ter como alvo o prefeito da capital alagoana, João Henrique Caldas (PL), que já foi criticado por Renan devido aos estragos causados pela Braskem.

No Carnaval deste ano, Calheiros publicou uma foto de Lira com o prefeito de Maceió e disse que “as vítimas da Braskem estão abandonadas, mas os foliões que coreografaram acordos ilegais deliram na avenida, inebriados pelo dinheiro público”.

O senador Jaques Wagner (PT-BA), líder do Governo no Congresso, disse que os membros da comissão estão buscando equilíbrio na escolha do relator e que, como não há votação, os congressistas devem se reunir até encontrar um consenso.

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