O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu nesta 5ª feira (22.fev.2024) com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, no Palácio da Alvorada, por 1h10. Na conversa, o chefe do Executivo brasileiro confirmou que irá ao país para a reunião do Brics em outubro e reiterou sua posição contrária à guerra na Ucrânia, que completa 2 anos em 24 de fevereiro.
De acordo com nota divulgada pelo governo brasileiro, Lavrov expôs as posições da Rússia em relação ao conflito e Lula afirmou manter sua disposição para colaborar com os esforços em prol da paz na região.
Em 2022, ainda antes das eleições presidenciais, Lula afirmou, em entrevista à revista norte-americana Time, que o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, era “tão responsável” pela guerra na Europa quanto o presidente da Rússia, Vladimir Putin.
Depois, em abril de 2023, voltou a equiparar as responsabilidades sobre o conflito. “Eu penso que a construção da guerra foi mais fácil do que será a saída da guerra. Porque a decisão da guerra foi tomada por 2 países [Rússia e Ucrânia]. E agora o que nós estamos tentando construir? Um grupo de países que não têm nenhum envolvimento com a guerra. Que não querem a guerra. Que desejam construir paz no mundo, para conversarmos tanto com a Rússia quanto com a Ucrânia”, disse na época.
Depois de ter sido criticado por suas declarações, Lula disse, em julho de 2023, que não queria mais se envolver no conflito. Ainda assim, tentou se colocar como um mediador internacional nas diversas viagens ao exterior que realizou em 2023. Chegou a cogitar ganhar um Prêmio Nobel da Paz caso conseguisse se tornar um conciliador entre os 2 países, o que não aconteceu.
De acordo com o governo brasileiro, Lula confirmou a Lavrov que irá à Rússia em outubro para participar da cúpula do Brics, grupo formado inicialmente por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Em 2023, mais 5 países foram integrados:
- Arábia Saudita;
- Egito;
- Emirados Árabes Unidos;
- Etiópia;
- Irã.
A Argentina também foi aceita no bloco, mas o presidente Javier Milei declinou da iniciativa e se retirou do grupo.
Em nota, o Planalto informou também que Lavrov reiterou o apoio russo ao pleito do Brasil por um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), da qual a Rússia já faz parte.
Lula defendeu sua bandeira por uma nova governança global, com a reforma dos organismos multilaterais, e destacou que é preciso cooperação entre os países para lidar com temas como inteligência artificial, mudanças climáticas e financiamento aos países em desenvolvimento.
Lavrov veio ao Brasil para participar da reunião de chanceleres do G20, que foi realizada no Rio, na 4ª e na 5ª feira (21 e 22.fev.2024).