Casos de dengue vão subir com o Carnaval, dizem infectologistas

As festas de Carnaval, que começam oficialmente no próximo sábado (10.fev.2024), devem intensificar os surtos de dengue registrados em grandes cidades do Brasil. Segundo infectologistas ouvidos pelo Poder360, doenças respiratórias como a influenza e a covid também devem ter alta de casos. 

Para Renato Kfouri, presidente do departamento de Imunizações da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), alta de casos da doença vai se intensificar nas próximas semanas com ou sem a folia, em razão do clima quente e chuvoso da época. As festas serão um impulsionador da tendência, afirma o especialista. Não é possível estimar o tamanho da alta, mas só que ela será registrada, diz. 

A aglomeração de pessoas não é, por si, um fator de risco para a disseminação da dengue, segundo a professora de infectologia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Raquel Stucchi. O problema, segundo ela, é que, durante o Carnaval, milhões de pessoas se deslocam para as capitais, onde há uma grande proliferação do mosquito e uma concentração das festas carnavalescas que podem estar próximas aos criadouros do inseto. 

As grandes cidades são mais propícias à proliferação do mosquito-da-dengue, o Aedes aegypti, por conta da concentração de espaços com água parada. “Muita gente pensa que ir ao litoral ou ao interior aumenta os risco de contrair a doença, mas a dengue é, hoje, um problema urbano”, explica Isabella Ballalai, diretora da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunização).

“O brasileiro não tem o hábito de se proteger contra picadas de inseto, apesar de um único bicho ser capaz de transmitir zika, chikungunya e dengue”, diz a especialista. Este fator é agravado pelas roupas curtas e a exposição de pele, típicos na festa popular. 

PREVENÇÃO

Por isso, os 3 infectologistas recomendam o uso de repelente de insetos e, se possível, de roupas que cubram o corpo –ainda que reconheçam a dificuldade de usar vestimentas compridas com o tempo quente.

A vacinação é a melhor forma de prevenção, concordam os médicos. Entretanto, a distribuição dos imunizantes ainda está em fase inicial e disponível para poucos grupos. A tendência é que o quadro de superlotação de hospitais se agrave. 

“Repelente não é perfume”, diz Ballalai. Ela orienta que se cubra a pele inteira com o produto, e não só o pescoço, as pernas e os braços, como é o habitual.

A diretora do SBIm também sugere que se procure repelentes que tenham duração estendida, de modo que não seja necessário reaplicá-lo durante as comemorações. 

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