Um relatório da Agência de Inteligência de Defesa dos EUA, divulgado na 3ª feira (6.fev.2024), confirmou o uso de mísseis e veículos aéreos não tripulados iranianos pelos houthis. A conclusão se deu com a comparação de imagens públicas dos equipamentos usados pelas forças houthis em ataques na região com os fabricados no Irã. Eis a íntegra do documento, em inglês (PDF – 6 MB).
Os houthis são originários do norte do Iêmen e pertencem ao segmento xiita da religião muçulmana, assim como o Irã. A religião une o grupo e o governo iraniano. Ambos se consideram integrantes do “Eixo de Resistência”, que inclui o Hamas.
Segundo o relatório, armamentos e treinamentos são fornecidos aos houthis pela Guarda Revolucionária Islâmica do Irã desde 2014. De 2015 a 2023, os EUA e seus parceiros interditaram pelo menos 18 navios iranianos que tentavam contrabandear essas armas. As embarcações carregavam componentes de mísseis balísticos, drones, mísseis guiados antitanque e milhares de rifles de assalto, diz a agência ligada ao Pentágono.
“A ajuda do Irã permitiu aos houthis conduzir uma campanha de ataques com mísseis e drones contra a navegação comercial no mar Vermelho desde novembro de 2023, ameaçando a liberdade de navegação e o comércio internacional em uma das vias navegáveis mais críticas do mundo”, lê-se no documento. O Irã nega participação nos ataques.
Desde novembro de 2023, os houthis têm realizado investidas contra navios que passam pelo golfo de Áden. As hostilidades se intensificaram no final de dezembro de 2023 e na 1ª quinzena de janeiro de 2024. Os rebeldes afirmam que os ataques são uma demonstração de apoio aos palestinos e ao Hamas. Os principais alvos são embarcações dos EUA e do Reino Unido, aliados de Israel.
Os ataques a navios têm ocorrido próximo ao estreito de Bab Al-Mandab, que liga o mar Vermelho ao Oceano Índico. Os cargueiros que vêm da China precisam passar pela área para acessar o canal de Suez rumo à Europa. Petroleiros da Rússia que vão para países como China, Índia e Coreia do Norte também passam pela região para sair do canal.
A área é estratégica para o comércio global. Por lá, passam cerca de 15% de todas as mercadorias internacionais. Como mostrou o Poder360, o custo do frete marítimo dobrou por causa das tensões.