Anotações manuscritas do ex-CEO da Americanas Miguel Gutierrez, encontradas pela Polícia Federal, embasaram o pedido de prisão preventiva do ex-executivo. Os registros, afirma a corporação, indicam que o ex-CEO acompanhava de perto o principal mecanismo das fraudes na companhia.
As informações foram publicadas pelo jornal O Estado de S. Paulo nesta 5ª feira (11.jul.2024).
Gutierrez foi alvo da operação Disclosure, que tem como alvo os ex-diretores da companhia por fraudes de R$ 25,3 bilhões. O ex-executivo foi preso no dia 28 de junho de 2024, em Madri, pela Interpol, e solto no dia seguinte.
Os registros seriam sobre as operações de “risco sacado” não registradas nos balanços da Americanas, segundo a PF. O mecanismo funciona como uma espécie de empréstimo com função de alongar o prazo para o pagamento de fornecedores. Ele pode ser lícito, desde que não seja oculto.
Entre as anotações, um registro referente ao pagamento de “AF” (antecipação de fornecedores) é seguido por “[O] Itaú deve alongar”. Outro trecho diz que: “[A] reação do Santander sobre o risco sacado foi uma reação péssima”.
Com base nos registros, a PF afirma que o ex-CEO, além de pleno conhecimento das operações, acompanhava de perto as tratativas de contratação e o desenvolvimento delas junto aos bancos.
“Sendo, portanto, mentirosa a afirmação de Miguel Gutierrez de que ‘nunca chegou ao conhecimento’ do declarante fatos relacionados às denominadas ‘inconsistências contábeis’”, diz a corporação.
A defesa do ex-CEO nega a participação de Gutierrez “em qualquer fraude ou prática de atos para ocultar seu patrimônio” e afirma que o ex-executivo tem cooperado para “apurar a verdade sobre o caso Americanas”.