PF apura se advogada teria impedido buscas contra Flávio Bolsonaro

A PF (Polícia Federal) investiga se a defesa de Flávio Bolsonaro (PL-RJ) teria impedido a expedição de um mandado de busca e apreensão contra o filho 01 do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no caso das “rachadinhas”. A informação teria sido dita por uma das advogadas de Flávio durante uma reunião em agosto de 2020.

Segundo a PF, a reunião com Alexandre Ramagem, ex-chefe da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), o então ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Augusto Heleno e o então presidente da República, Jair Bolsonaro, teve como objetivo blindar Flávio das investigações sobre suposto desvio de recursos públicos.

Segundo apurou o Poder360, em um áudio sigiloso da reunião, uma das advogadas do senador teria dito manter contatos no MP-RJ, que teriam impedido o avanço de um pedido de busca e apreensão contra Flávio no caso das “rachadinhas”.

Moraes manteve o sigilo da gravação. Algumas informações sobre o encontro só são citadas no relatório da PF divulgado nesta 5ª feira (11.jul.2024).

A PF suspeita que a gravação da reunião teria sido feita pelo próprio Ramagem. O assunto, segundo os investigadores, eram supostas irregularidades cometidas pelos auditores da Receita Federal na confecção do Relatório de Inteligência Fiscal que deu causa à investigação contra Flávio Bolsonaro.

Em 1 hora e 8 minutos de gravação, Ramagem também sugere a instauração de procedimento administrativo contra auditores da receita com o objetivo de anular a investigação.

Na época, como mostra reportagem do Poder360, o senador Flávio Bolsonaro suspeitou de práticas irregulares da Receita Federal em relatório de informações contábeis e pediu apuração para o GSI e à Abin. Na mesma data citada pela PF, os presentes se encontraram fora da agenda pública oficial para tratar do assunto.

Flávio foi investigado pelo MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) por suposto esquema de rachadinha. As apurações começaram depois de um relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) que atribuiu como “atípicas” as movimentações financeiras do assessor do senador Fabrício Queiroz.

Ele foi denunciado em novembro de 2020 por organização criminosa, lavagem de dinheiro, apropriação indébita e peculato (uso de dinheiro público para fins pessoais), mas o caso foi arquivado.

OUTRO LADO

Em nota, Flávio disse que não tinha “nenhuma relação” com a Abin. “A divulgação desse tipo de documento, às vésperas das eleições, só tem o objetivo de prejudicar a candidatura de Alexandre Ramagem à prefeitura do Rio de Janeiro”, diz o senador.

Questionada sobre o conteúdo do áudio, a assessoria de Flávio disse que não teve acesso ao material.

Poder360 entrou em contato com Luciana Pires, uma das advogadas de Flávio Bolsonaro, mas não recebeu retorno até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para futuras manifestações.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.