Não se usa o Holocausto como comparação, diz Wagner após fala de Lula

O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT), disse nesta 3ª feira (20.fev.2024) que conversou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) depois de sua fala sobre Israel no domingo (18.fev), em que comparou suas ações ao extermínio de judeus pela Alemanha nazista.

Na abertura da sessão da Casa Alta, o senador declarou que concorda com a manifestação de Lula em condenar as mortes na Faixa de Gaza, mas que a comparação com o Holocausto não é “pertinente”.

“Não tiro uma palavra do que vossa excelência disse, a não ser o final, que, na minha opinião, não se traz à baila o episódio do Holocausto para nenhuma comparação, porque fere sentimentos, inclusive meus, de familiares perdidos”, disse Wagner sobre sua conversa com Lula.

Assista (7min53s):

O senador é judeu, está no partido há 45 anos e é amigo de Lula. Ele falou depois do discurso do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), que pediu uma retratação pela comparação “inapropriada” e “inequivocada” do presidente da República.

Wagner disse concordar com Pacheco, mas não ao exigir retratação de Lula. “Como judeu, me sinto ofendido, o povo judeu não pode comungar com o assassinato de civis, sob qualquer desculpa. A motivação de Lula é a busca do cessar-fogo, que, infelizmente, foi vetada mais uma vez”.

O senador se refere ao veto de resolução de cessar-fogo imediato entre Israel e Hamas, por parte dos Estados Unidos. A proposta foi recusada pela 3ª vez em votação no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) nesta 3ª feira (20.fev).

ENTENDA

O presidente Lula disse que o conflito na Faixa de Gaza é um genocídio comparável ao extermínio de judeus na Alemanha nazista.

“O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino, não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”, declarou Lula a jornalistas em Adis Abeba, na capital Etiópia, no domingo (18.fev).

A comparação instaurou uma crise diplomática com Israel. O primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, disse que a fala é “vergonhosa” e que Lula “cruzou uma linha vermelha”.

No Brasil, o petista foi criticado por entidades israelitas e opositores. No Congresso, quem é a favor do impeachment diz que Lula cometeu crime de responsabilidade na comparação feita na Etiópia. Já os governistas desqualificaram o pedido e defenderam Lula.

A fala do petista o tornou persona non grata em Israel. O país pede uma retratação do Brasil.

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