Cerca de 83,5% da população brasileira que se declara branca mora em locais com uma estrutura adequada de saneamento básico. Entre os que se declaram pretos, o percentual é de 75%, e entre pardos, de 68,9%.
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Os dados são da edição de 2022 do Censo Demográfico do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). As informações sobre as características dos domicílios da população foram divulgadas nesta 6ª feira (23.fev.2024). Leia a íntegra do levantamento (PDF – 1 MB).
O maior percentual, no entanto, está entre os brasileiros que se declararam amarelos: 91,8%. Segundo relatório do IBGE, isso pode ser explicado pela “distribuição geográfica dessas populações”, com maior proporção de pessoas desse grupo em “grandes regiões” ou em “municípios com melhores condições de saneamento”.
Já entre indígenas, o percentual é de só 29,9%.
O IBGE diz ser preciso ter “cautela” com os resultados referentes à população indígena: “As condições de moradia e saneamento dos povos indígenas só podem ser adequadamente examinadas à luz de suas especificidades culturais”. Afirma também que os “indicadores para essa população serão explorados com mais profundidade e propriedade em futuras publicações específicas”.
O levantamento do IBGE considera como estrutura adequada de saneamento básico os métodos reconhecidos pelo Plansab (Plano Nacional de Saneamento Básico). Leia abaixo quais são e o percentual geral da população:
- rede geral ou pluvial – 58,3%;
- fossa séptica ou fossa filtro ligada à rede – 4,2%;
- fossa séptica ou fossa filtro não ligada à rede – 13,2%.
Já 24,3% da população brasileira vivem em domicílios com estrutura precária de saneamento básico. Para a maioria (19,4%) desse segmento, a “fossa rudimentar ou buraco” era a forma de esgotamento sanitário. Leia mais abaixo:
- fossa rudimentar ou buraco – 19,4%;
- esgotamento por rio, lago, córrego ou mar – 2,0%;
- esgotamento por vala – 1,5%;
- outra forma – 0,7%;
- não tem banheiro ou sanitário no domicílio – 0,6%.
De acordo com o Censo de 2022, as condições de acesso a esgotamento sanitário nos 20 municípios mais populosos do país são melhores para a população que se declarou branca ou amarela do que para os se dizem pretos, pardos ou indígenas. Leia na tabela abaixo:
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ATRASO NO CENSO DEMOGRÁFICO
O Censo Demográfico é realizado a cada 10 anos e estava previsto para 2020, mas foi atrasado por causa da pandemia.
Em março de 2020, o IBGE anunciou o adiamento do levantamento para 2021 por conta da evolução de casos de covid no Brasil.
Em abril de 2021, o governo Bolsonaro adiou novamente a coleta de informações. O então secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, disse que não havia recursos previstos no Orçamento.
Em janeiro de 2022, o STF determinou que o governo tomasse providências para realizar o Censo ainda naquele ano. Em agosto, os recenseadores saíram às ruas.
Inicialmente, a conclusão estava prevista para outubro. Foi adiada para meados de dezembro e, posteriormente, estendida para 2023. A pesquisa enfrentou dificuldades como a recusa de pessoas a responder o questionário. O ex-presidente do IBGE Roberto Olinto classificou esta edição do levantamento como uma “tragédia absoluta”.