A Abcred (Associação Brasileira de Entidades Operadoras de Microcrédito e Microfinanças) propôs ao governo federal melhorias na Enimpacto (Estratégia Nacional de Economia de Impacto), iniciativa governamental para promover um ambiente favorável ao desenvolvimento de investimentos e negócios de impacto.
A presidente da associação, Isabel Baggio, 64 anos, disse em entrevista ao Poder360 que as Oscips (organizações da sociedade civil de interesse público) associadas da Abcred utilizam uma metodologia que permite a concessão de empréstimos de forma mais individualizada. Dentre as estratégias implementadas por essas organizações, estão visitas domiciliares realizadas por agentes de crédito das Oscips.
“Esse é um trabalho bastante oneroso porque existe uma figura chamada agente de crédito, que vai na casa das pessoas, entende o processo do negócio das pessoas. Muitas vezes o nosso cliente não sabe precificar e quantificar o seu negócio. Levantamos o quanto ele vende, quanto ele gasta para orientá-lo”, disse.
Assista (25min02s):
A Estratégia Nacional de Economia de Impacto é uma articulação de órgãos e entidades da administração pública federal, do setor privado e da sociedade civil com o objetivo de promover um ambiente favorável ao desenvolvimento de investimentos e negócios de impacto. Ela está estruturada em 5 eixos estratégicos:
- ampliação da oferta de capital para a economia de impacto;
- aumento do número de negócios de impacto;
- fortalecimento das organizações intermediárias;
- promoção de um macroambiente institucional e normativo favorável à economia de impacto; e
- articulação interfederativa com Estados e Municípios no fomento à economia de impacto.
A Abcred cumpriu uma série de agendas na última semana (de 20 a 21 de fevereiro) em Brasília com representantes da esfera pública federal e do setor privado. A associação se reuniu com os ministros do Empreendedorismo, Márcio França (PSB), e do Trabalho, Luiz Marinho (PT), além de encontrar representantes do Sebrae e do Banco do Brasil.
A Abcred representa 34 instituições de microcrédito e microfinanças distribuídas em 19 Estados. A Abcred quer estender suas operações para o Sudeste e Centro-Oeste, mas falta recursos para realizar essa expansão.
“Por um aspecto nós fazemos um trabalho social e de inclusão, mas quando vamos buscar crédito no mercado financeiro, nós somos olhados como uma empresa privada”, afirmou.
A oferta de linhas de crédito varia de acordo com o tipo de Oscips. Há linhas para trabalho, saneamento, moradia, reforma, energia solar, educação, saúde, emergência, eventos, regularização fundiária. Segundo Isabel, a linha de crédito para trabalho é a mais utilizada.
“Mas a linha de crédito de melhora de moradia cresce muito porque as pessoas precisam melhorar suas casas e os órgãos financeiros públicos não alcançam. Estamos falando de linhas de crédito de R$ 10.000 a R$ 15.000 para reformar um telhado, um banheiro e uma garagem. São valores pequenos que as pessoas não têm acesso e não conseguem em outras organizações”, afirmou.
O volume de empréstimos concedidos pelas instituições financeiras associadas foi de R$ 1 bilhão em 2023, com cerca de 250 mil operações de crédito, com taxa de juros média de 12,5% ao ano. Para este ano, a estimativa é de R$ 1,2 bilhão. A taxa de inadimplência foi de 5% ao mês em 2023.