Sindicatos relatam 96 assassinatos de jornalistas em Gaza

A FIJ (Federação Internacional dos Jornalistas), em parceria com sindicatos e organizações de defesa da liberdade de expressão de várias partes do mundo, promoveu na 2ª feira (26.fev.2026) o Dia Internacional de Solidariedade aos Jornalistas Palestinos. Segundo a organização, foram registrados 96 assassinatos de profissionais de imprensa palestinos desde 7 de outubro de 2023, quando teve início a guerra entre Israel e o Hamas.

Este massacre é tão horrível quanto sem precedentes”, afirmou a FIJ ao justificar a mobilização em apoio aos jornalistas palestinos. “É uma tragédia terrível e injustificada. As necessidades dos nossos colegas que trabalham em Gaza tornaram-se críticas. Em pleno inverno (no hemisfério Norte), aos nossos irmãos e irmãs e às suas famílias falta tudo e, principalmente, o essencial: roupas, cobertores, tendas, comida, água”, completou.

O conflito no Oriente Médio também tirou a vida de 4 jornalistas israelenses (mortos no ataque do Hamas em 7 de outubro), e mais 3 jornalistas libaneses. Ao todo, 103 profissionais de imprensa foram assassinados em quase 5 meses de guerra.

O CPJ (Comitê de Proteção de Jornalistas) calculou que, em 2 anos da guerra na Ucrânia, 15 jornalistas foram assassinados no país europeu. Ainda segundo o comitê, do total de jornalistas assassinados em 2023, 75% deles estavam na Faixa de Gaza.

A guerra Israel-Gaza é a situação mais perigosa para os jornalistas que já vimos”, disse Sherif Mansour, coordenador do programa do CPJ para o Oriente Médio e o Norte da África.

O exército israelense matou mais jornalistas em 10 semanas do que qualquer outro exército ou entidade num único ano. E com cada jornalista morto, a guerra torna-se mais difícil de documentar e de compreender”, completou Mansour.

Em alguns casos, o Exército de Israel justifica os assassinatos dizendo que os jornalistas estariam envolvidos com atividades consideradas terroristas. Porém, segundo o CPJ, “nenhuma prova credível jamais foi produzida” para sustentar essas acusações.

Segundo o Sindicato dos Jornalistas Palestinos, há 1.500 profissionais de mídia deslocados na Faixa de Gaza e outros 65 estão presos. A entidade responsabiliza Israel por atacar veículos de imprensa.

O sindicato documentou a destruição, pela ocupação, de 73 instituições de comunicação social na Faixa de Gaza, como resultado do bombardeio israelense em curso, incluindo 21 estações de rádio locais, 15 agências de notícias locais e internacionais, 15 canais de satélite locais e internacionais, 6 jornais locais, 3 torres de transmissão e 13 instituições de assessoria de imprensa”, afirmou o sindicato que representa a categoria na Palestina.

Brasil

No Brasil, sindicatos da categoria realizam um ato na 2ª feira (26.fev), em Juiz de Fora (MG). Outro será realizado nesta 3ª feira (27.fev), em São Paulo (SP). Na capital paulista, o ato foi convocado pela Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas), pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, entre outras entidades.

A presidenta da Fenaj, Samira de Castro, disse que o elevado número de jornalistas mortos na Faixa de Gaza indica que esses trabalhadores estão sendo alvos deliberados das forças de Israel.

Isso porque são profissionais que reportam o conflito a partir de Gaza, com uma visão do povo palestino. Inclusive, está proibido o acesso de imprensa internacional a Gaza. Israel não está deixando a imprensa internacional entrar nas áreas de conflito. O que demonstra que é, além de um massacre deliberado de profissionais, um grave atentado mundial à liberdade de imprensa”, declarou Samira.

O ato em São Paulo, previsto para ocorrer no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo a partir das 20h, também vai chamar a atenção para os casos dos jornalistas brasileiros Breno Altman e Andrew Fishman, que têm recebido ameaças por realizarem uma cobertura crítica às ações de Israel. Breno Altman responde a um inquérito na Polícia Federal por comentários sobre o conflito.

No Brasil, também estamos vivendo um ataque a todos os jornalistas que ousam se posicionar em relação ao direito, à liberdade de imprensa e de expressão do ponto de vista do lado palestino”, acrescentou Samira.


Com informações da Agência Brasil.

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