Um dos principais jornais da Guiana, o Stabroek News, publicou em sua edição impressa desta 4ª feira (28.fev.2024) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve abordar a eleição na Venezuela e o conflito por conta da região de Essequibo ao se reunir com o presidente Nicolás Maduro.
Lula embarca para a Guiana nesta 4ª (28.fev) para participará da 46ª Conferência de chefes de Estado da Caricom (Comunidade do Caribe). Depois, segue para São Vicente e Granadinas, onde vai se reunir com Maduro.
O artigo publicado pelo jornal da Guiana, escrito pela agência de notícias Reuters, lembra que o Brasil tem tentado mediar o conflito entre o país e a Venezuela. Pessoas ouvidas pela agência disseram que Lula tentará “obter garantias de Maduro de que a Venezuela não aumentará a retórica sobre Essequibo antes da votação presidencial”.
Os venezuelanos vão às urnas em 2024. A data das eleições presidenciais ainda não foram definidas.
A disputa entre Guiana e Venezuela, que dura mais de 1 século, está relacionada à região de Essequibo (também chamada de Guiana Essequiba). O local tem 160 mil km² e é administrado pela Guiana. A área representa 74% do território do país, é rica em petróleo e minerais, e tem saída para o oceano Atlântico.
Maduro realizou, no começo de dezembro, um referendo questionando se os cidadãos da Venezuela queriam a criação de um Estado venezuelano chamado Guiana Essequiba, no território que hoje pertence à Guiana. Mais de 95% dos eleitores aprovaram a medida.
Logo depois do referendo, o líder venezuelano disse que iria “recuperar os direitos históricos da Venezuela na ‘Guiana Essequiba’” e “fazer justiça”. Ele falou em reivindicar o território “com a força de todos”.
Em 14 de dezembro, Maduro e o presidente da Guiana, Irfaan Ali, se encontraram em São Vicente e Granadinas para uma reunião intermediada pelo Brasil, pela Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos) e pela Caricom. Lá, foi assinada uma declaração conjunta em que ambos se comprometeram a resolver o impasse sem uso da força.
MADURO
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, 60 anos, comanda um regime autocrático e sem garantias de liberdades fundamentais. Mantém, por exemplo, pessoas presas pelo que considera “crimes políticos”.
Há também restrições descritas em relatórios da OEA (Organização dos Estados Americanos) sobre a “nomeação ilegítima” do Conselho Nacional Eleitoral por uma Assembleia Nacional ilegítima, e da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (de outubro de 2022, de novembro de 2022 e de março de 2023).