O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta 4ª feira (6.mar.2024) que o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, sabe que seu país precisa realizar as eleições presidenciais da forma mais democrática possível para reconquistar espaço na política mundial.
Sem citar o nome do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), disse esperar que a oposição venezuelana não “tenha o hábito” de seu antecessor e lembrou que quando foi impedido de se candidatar, indicou o nome de Fernando Haddad (PT) no pleito de 2018.
“A pergunta de vocês é se as eleições serão honestas ou não. Eu espero que sejam a mais democráticas possíveis. E segundo o presidente Maduro me disse na reunião em São Vicente e Granadinas, ele vai convocar todos os olheiros internacionais do mundo que quiserem acompanhar. […] Espero que seja porque acho que a Venezuela e Maduro precisam disso. A Venezuela precisa de uma eleição altamente democrática para reconquistas seu espaço de atuação nos fóruns internacionais”, disse.
Questionado sobre a confiança na lisura do processo eleitoral venezuelano, Lula disse que é preciso esperar que as eleições sejam realizadas.
“Não podemos jogar dúvida antes das eleições acontecerem que aí começa discurso de prever antecipadamente que vai ter problema. Temos que garantir a presunção de inocência, até que haja as eleições para que a gente possa julgar se foi democrática ou decente”, declarou.
Lula falou sobre o assunto ao lado do presidente de governo da Espanha, Pedro Sánchez, que faz uma visita de Estado ao Brasil. O cargo do espanhol equivale ao de primeiro-ministro. Ambos se reuniram por cerca de 1h30 no Palácio do Planalto e participam de almoço no Palácio do Itamaraty.
Sánchez disse ter celebrado o agendamento das eleições venezuelanas. “Esperamos que se celebram com as garantias democráticas que o país precisa”, afirmou.
As eleições venezuelanas estão marcadas para 28 de julho. É o dia em que nasceu o ex-presidente Hugo Chávez (1954-2013). Maduro deverá tentar se reeleger pela 2ª vez. Candidatas da oposição foram barradas:
- o Supremo Tribunal de Justiça, ligado a Maduro, inviabilizou a candidatura de Maria Corina Machado, líder da oposição no país;
- a polícia venezuelana prendeu a ativista Rocío San Miguel, outra cotada para a disputa. Segundo o governo, a ativista foi presa por terrorismo e traição à pátria.
Pouco antes da chegada de Sánchez ao Planalto, Lula disse a jornalistas que de “nada vale” o pleito venezuelano se o candidato de oposição tiver o mesmo comportamento que a oposição no Brasil, liderada por Bolsonaro.
Depois do encontro, questionado pela imprensa sobre a declaração anterior, Lula disse não ter comparado a situação da oposição entre os 2 países.
“Eu só disse a vocês que houve aqui nesse país, eu fui impedido de concorrer as eleições de 2018. Ao invés de ficar chorando, eu indiquei outro candidato que disputou as eleições. […] E espero que as pessoas que estão disputando não tenham o hábito do ex-presidente desse país”, afirmou.
Lula disse ainda que Bolsonaro não aceitou o resultado eleitoral, quando não conseguiu se reeleger em 2022. “Ele continua dizendo que as eleições foram fraudadas, que valeram para seus deputados, mas não para ele, que as urnas foram fraudadas. […] Obviamente que nem todo candidato que perde eleição aceita o resultado, só eu que perdi 3 eleições, aceitei”, disse.