O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta 4ª feira (6.mar.2024) que as negociações por um acordo de livre comércio entre o Mercosul (Mercado Comum do Sul) e a União Europeia estão avançadas e que a sua conclusão independe da anuência da França, embora o país seja o principal opositor à iniciativa.
“Estamos prontos para firmar o acordo com a União Europeia, mas o que acontece é que a França, já há muito tempo, traz problema com seus produtores agrícolas. A minha tranquilidade é que a União Europeia não depende da França para fazer o acordo. Tem procuração para fazer o acordo. A França pode não gostar, mas paciência”, disse.
Lula falou sobre o assunto ao lado do presidente de governo da Espanha, Pedro Sanchéz, que faz uma visita de Estado ao Brasil. O cargo do espanhol equivale ao de primeiro-ministro. Ambos se reuniram por cerca de 1h30 no Palácio do Planalto e participam de almoço no Palácio do Itamaraty.
Sánchez também defendeu a conclusão do acordo e disse que seu país não é o problema. “Após a guerra na Ucrânia, a Europa aprendeu a lição de que é preciso achar novos parceiros e diversificar o comércio. Não somos o problema e vamos trabalhar juntos para atingir esse acordo que, sem dúvida, vai provocar uma mudança na geopolítica mundial”, disse o espanhol.
O presidente francês Emmanuel Macron enfrenta forte pressão de agricultores franceses que não querem a abertura do mercado doméstico para a entrada de mercadorias do Mercosul por considerarem que haverá concorrência desleal.
Desde o início do ano, os produtores intensificaram protestos em todo o país, o que fez com que Macron endurecesse seu posicionamento diante das negociações entre os 2 blocos.
O líder francês deve se reunir com Lula em Brasília em 23 de março. O acordo será o principal assunto do encontro.
Lula disse ter “lamentado profundamente” não ter sido possível anunciar a conclusão do acordo na última reunião do Mercosul, realizada no Rio, em dezembro. Na época, Sánchez estava na presidência do conselho da União Europeia.
Nesta 4ª feira, o presidente disse não concordar com a tese de que houve um retrocesso nas negociações e voltou a dizer que os 2 blocos avançaram muito.
“A União Europeia precisa desse acordo e o Mercosul precisa desse acordo. Não é questão de querer ou não, gostar ou não. Chegamos a uma situação que precisamos politicamente, economicamente e geograficamente fazer esse acordo”, disse Lula.