O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, disse nesta 4ª feira (12.jun.2024) que o governo cancelou o leilão de importação por não ter “compromisso com o erro”. Deu a declaração depois de participar do Fórum de Investimentos Prioridade 2024, no Rio.
Fávaro também declarou que a decisão de demitir o secretário de Políticas Agrícolas do Ministério da Agricultura, Neri Geller, não foi um “julgamento precipitado”. Em sua visão, o episódio trata-se de “tolerância zero com o erro”.
“Nós fomos surpreendidos, com as notícias pela imprensa, de uma tendência de informação privilegiada ao ter, no secretário de Política Agrícola, um vínculo familiar entre o presidente da Bolsa de mercadorias do Mato Grosso, além de corretora. Ora, não temos compromisso com o erro, infelizmente”, disse.
Neri Geller foi um dos negociadores do leilão de arroz importado. Ele é sócio do filho do ex-secretário em uma empresa.
Em entrevista a BandNews TV nesta 4ª feira (12.jun), o ex-secretário negou ter pedido demissão do cargo e disse que não será “bode expiatório”. Também descartou qualquer suspeita de irregularidade no processo e não aceita que sua experiência de 30 anos seja jogada no “lixo”.
No Rio, Fávaro afirmou ainda que “fica muito claro que há um posicionamento ideológico por parte da indústria em não querer colaborar com o bom abastecimento de arroz para a população brasileira”.
“Se o governo facilitou essa importação, tirando o imposto, não seria mais fácil e equilibrado a própria indústria importar um pouco mais, acelerar o processo, manter um bom abastecimento e garantir estabilidade. Fizeram isso no governo passado”, afirmou.
Ainda, disse ter um “movimento especulativo, de ganhar dinheiro com a tragédia. Um movimento de desestabilização da economia, da população”.
“O governo tem que, com cautela, com responsabilidade, responder à altura da população como vai fazer”, afirmou.
LEILÃO CANCELADO
O presidente da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), Edegar Pretto, anunciou na 3ª feira (11.jun) o cancelamento do leilão para a importação do arroz. O motivo, seriam fragilidades nas empresas vencedoras do leilão e a falta de capacidade financeira de operar um volume financeiro do tamanho necessário.
O leilão público foi realizado para minimizar os impactos das enchentes no Rio Grande do Sul, com a compra de até 300 mil toneladas de arroz importado. O certame foi realizado em 6 de junho e o governo comprou 263 mil toneladas do grão. No entanto, na lista com 4 vencedoras, 3 das empresas não são do ramo de importação.
Segundo o ministro da Agricultura, o governo passará a avaliar anteriormente as empresas que decidirem concorrer no novo leilão para garantir a capacidade financeira e a experiência na área. Agora, novo certame será realizado pelo Conab, mas ainda sem data marcada.
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