As empresas que fizeram IPOs (oferta pública inicial, na sigla em inglês) colecionam quedas na B3 (Bolsa de Valores de São Paulo). Das 72 que abriram o capital em 2020 e 2021, 55 registraram perdas acumuladas nas ações até 4ª feira (18.jun.2024). O número corresponde a 76,4% do total, segundo dados de Einar Rivero, da Elos Ayta Consultoria, enviados com exclusividade ao Poder360. Eis a íntegra (PDF – 75 kB).
Nenhuma empresa lançou IPOs de 2022 a 2024, durante o ano eleitoral e nos anos do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Os últimos são de 2020 (27 ofertas) e 2021 (45). Os principais destaques são as quedas da Infracomm (-97,8%), da Sequoia Logística (-97,6%) e da Aeris (-95,2%).
Do lado positivo, o Assaí (287,8%), o Cury (164,3%) e a Caixa Seguridade (86,5%) tiveram os maiores ganhos.
A pesquisa mostrou também que só 16 das 72 ações que estão em negociação na B3 tiveram desempenho melhor que o Ibovespa –o principal índice da Bolsa de Valores– desde a oferta. O Assaí ficou 279,1 pontos percentuais acima.
Já outros 56 papéis levam a pior. O principal destaque é a Petz, com queda de 96,7 pontos percentuais em relação ao Ibovespa. A Espaçolase recuou 98 pontos percentuais.
PANDEMIA DE COVID-19
O levantamento mostrou que 109 de 194 ações tiveram queda de 21 de fevereiro de 2020, antes de a covid-19 impactar os ativos, até 18 de junho de 2024. O número corresponde a 56% do total de ativos. No período, o Ibovespa cresceu 5,23%.
As empresas relacionadas ao ramo de petróleo foram as que tiveram os melhores desempenhos, como a PRIO e a Petrobras.
A seca de IPOs por mais de 2 anos é explicada, em parte, pela incerteza na macroeconomia. As dúvidas se intensificaram desde a semana passada, o que se reflete nos ativos. Isso desfavorece as small caps –aquelas com menor valor de mercado– que poderiam abrir capital. Essas empresas registraram queda de 33,5% no valor de seus papéis desde o início da pandemia, enquanto o Ibovespa subiu 5,23%.
O principal índice do México teve alta 18,9% no período, mesmo depois de cair 6,1% nos últimos 2 meses em função da eleição no país. A Bolsa de Valores chilena avançou 44,6% desde a pré-pandemia.
Vários fatores contribuem para esse represamento de IPOs, como o ambiente externo turbulento e as incertezas jurídicas provocadas pela política.