Lula volta a criticar greve das universidades e institutos federais

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar nesta 5ª feira (20.jun.2024) a greve de universidades e institutos federais, que já dura cerca de 2 meses. Segundo o petista, os professores não podem esquecer o que já foi feito pela categoria.

“Eu, às vezes, fico triste, porque ninguém agradeceu os 9% [de reajuste salarial] e estão fazendo uma greve dizendo que é por 4,5% e nós não demos nada este ano. A gente não deu porque a gente não pode dar”, afirmou em entrevista à rádio Verdinha, no Ceará.

Lula afirmou que reajustes maiores que os 4,5% oferecidos pelo governo poderão ser oferecidos no futuro, mas disse ser necessário aguardar.

“Isso não significa que nos anos seguintes a gente não possa dar mais do que os 4,5%. Eles só têm que entender que nós estamos há 1 ano e 6 meses no governo”, afirmou.

Segundo o presidente, ele reforçou em reunião com os reitores das universidades e dos institutos federais que está disposto a ouvir as reclamações e que em seu governo não falta oportunidade de negociar. 

“Eu disse para os reitores: é importante que lembrem que vocês não estão prejudicando o governo. Vocês não estão prejudicando o Lula. Vocês estão prejudicando, na verdade, os alunos, que estão perdendo bons dias de aula, boas horas de aula”, disse.

PROFESSORES DELIBERAM

Segundo o Andes-SN (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior), a greve iniciada em abril se dá em 64 das 69 universidades.

O comando nacional da greve dos professores universitários, ligado ao Andes, solicitou aos professores que façam assembleias locais até 6ª feira (21.jun) para avaliar as propostas apresentadas pelo governo federal à categoria.

Em formulário encaminhado às seções sindicais, secretarias regionais e aos comandos locais de greve, o sindicato pergunta aos os professores devem “assinar ou não”, as proposições do MGI (Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos) e do MEC (Ministério da Educação) e se a categoria deve “continuar a greve ou construir sua saída coletiva”.

O formulário tem que ser respondido até às 12h da próxima 6ª feira (21.jun). As respostas irão subsidiar a reunião do comando nacional de greve que será realizada no fim de semana em Brasília.

PROPOSTA DO GOVERNO

De acordo com o governo, com o reajuste linear de 9% concedido ao funcionalismo federal em 2023, o aumento total ficará de 23% a 43% no acumulado de 4 anos.

O MGI afirmou que o governo melhorou a oferta em todos os cenários e que os professores terão aumento acima da inflação estimada em 15% de 2023 a 2026.

A proposta anterior estabelecia reajuste zero em 2024, 9% em 2025 e 3,5% em 2026. Somado ao reajuste linear de 9% concedido ao funcionalismo federal no ano passado, o aumento total chegaria a 21,5% no acumulado de 4 anos.

No final de maio, o órgão informou ter apresentado a proposta final e considerava “encerrada” a negociação de ajuste salarial, mas informava, no entanto, que “o governo permanecia aberto para diálogo sobre pautas não salariais”.

Também naquele mês, o MEC recompôs o Orçamento para a educação superior, estabelecendo mais recursos para custeio de despesas: R$ 279,2 milhões para universidades e R$ 120,7 milhões para institutos federais.

Na 6ª feira (14.jun), o Ministério da Educação se comprometeu a revogar, depois do término da greve, a portaria 983, de novembro de 2020 –que elevou a carga horária mínima semanal dos docentes.

Lula anunciou que o governo federal vai investir em melhorias na infraestrutura de todas as universidades federais (R$ 3,17 bilhões), hospitais universitários (R$ 1,75 bilhão) e na criação de 10 novos campi nas 5 regiões do país (R$ 600 bilhões).

O total é de R$ 5,5 bilhões do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

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