O secretário-geral da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Jens Stoltenberg, rebateu a declaração do pré-candidato à Presidência dos EUA Donald Trump de que o país norte-americano não protegeria membros da aliança militar que não estivessem honrando o compromisso de destinar 2% do PIB (Produto Interno Bruto) em defesa. Na ocasião, Trump encorajou a Rússia a fazer “o que diabos quiser” com esses países.
Para o secretário-geral, a afirmação do ex-presidente norte-americano coloca em risco a segurança de toda aliança militar e declarou que a posição oficial do bloco é de dar uma resposta única e energética a qualquer hostilidade contra um membro da Otan. “Qualquer sugestão de que os aliados não vão defender uns aos outros prejudica toda a nossa segurança, incluindo a dos EUA, e coloca soldados americanos e europeus em maior risco”, disse Stoltenberg.
Outras lideranças do ocidente também se manifestaram contra a declaração de Trump. O ministro da Defesa da Polônia, país que faz fronteira com a Rússia, Wladyslaw Kosiniak-Kamysz, publicou no X (antigo Twitter) que a fala do republicano prejudica a credibilidade da aliança militar, mas reforçou que o compromisso intrínseco do bloco é ajudar a todos.
“O lema da OTAN ‘um por todos, todos por um’ é um compromisso concreto. Minar a credibilidade dos países aliados significa enfraquecer toda a OTAN”, escreveu o ministro.
O perfil oficial do Ministério de Relações Exteriores da Alemanha também se manifestou sobre o comentário de Trump. No X, o órgão escreveu que a aliança militar protege cerca de 950 milhões de pessoas, de Anchorage, no Alaska (EUA), até Erzurum (Turquia).
Outra liderança europeia que se manifestou foi o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel. Segundo Michel, as declarações de Trump “servem apenas o interesse de Putin”.
TRUMP X OTAN
A declaração de Trump foi feita durante um ato de campanha na cidade de Conway, no Estado da Carolina do Sul. O republicano contou que, durante uma cúpula da Otan, “um dos presidentes de um país grande” perguntou a ele se os EUA o defenderia se fosse invadido pela Rússia mesmo se não pagasse o percentual cobrado por ele. Trump teria respondido: “Claro que não”.
“Eu não protegeria você. Na verdade, eu os encorajaria a fazerem o que diabos quiserem. Vocês têm que pagar. Têm que pagar suas contas”, completou o pré-candidato republicano.
Um dos principais gatilhos da Otan é o chamado artigo 5, de defesa coletiva. Um ataque a um país-membro é considerado um ataque a todas as nações que formam a aliança, composta por 31 países. A organização tem entre suas metas não obrigatórias o investimento de 2% do PIB de cada país em defesa. Muitos não cumprem essa meta, mas pagam os custos classificados como obrigatórios para se manterem na Otan.
Conforme reportagem da Reuters, a Otan esperava que só 11 de seus 31 integrantes cumprissem as metas de gasto em defesa em 2023. São eles:
- Eslováquia;
- Estados Unidos;
- Estônia;
- Finlândia;
- Grécia;
- Hungria;
- Letônia;
- Lituânia;
- Polônia;
- Reino Unido;
- Romênia.
Isso deixaria de fora do guarda-chuva de defesa dos EUA, por exemplo, países como Alemanha, Canadá, Espanha e França.
O QUE DIZ A CASA BRANCA
O porta-voz da Casa Branca, Andrew Bates, classificou a fala de Trump como “terrível e desequilibrada”. Ao ser questionado sobre o tema, disse: “Incentivar invasões aos nossos aliados mais próximos por regimes assassinos é terrível e desequilibrado. Põe em perigo a segurança nacional norte-americana, a estabilidade global e a nossa economia interna”.