5 ministros do STF, 9 de Lula e 5 do TCU recusam “Gilmarpalooza”

O “12º Fórum de Lisboa”, promovido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes em Portugal, começa nesta 4ª feira (26.jun.2024). O evento já é uma tradição e foi batizado de “Gilmarpalooza” –junção dos nomes do decano e do festival de música Lollapalooza originado em Chicago (EUA) e cuja versão brasileira é realizada todos os anos em São Paulo com uma multitude de bandas de muitos lugares.

Anfitrião do evento lisboeta, Gilmar convidou todos os ministros do STF –que se dividiram:

A programação inicial contava com todos os ministros do STF. O documento oficial com todos os painéis do fórum e seus participantes havia sido publicado pelo Poder360 em 13 de junho.

Depois da publicação, os organizadores do evento procuraram este jornal digital e disseram que se tratava de lista ainda preliminar e passível de alterações. Ocorre que o documento em papel timbrado e distribuído amplamente em maio e em meados de junho não trazia nenhuma ressalva a respeito de ser apenas uma lista de convidados ainda não confirmados.

Com a publicação no Poder360 da lista de convidados, outras autoridades que constavam na programação também passaram a dizer que não participariam do evento em Lisboa. É o caso do vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, do ministro da Casa Civil, Rui Costa, e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) –o nome do último ainda está no site do evento e no documento oficial com a última programação divulgada (PDF – 367 kB).

A seguir, os dados atualizados do “Gilmarpalooza” –entre parênteses, o número inicial de autoridades de cada instituição na programação inicial:

  • 5 ministros do STF (eram 10);
  • 12 ministros do STJ (continuam sendo 12);
  • 2 ministros do TCU (eram 7);
  • 1 ministro do TSE (eram 5);
  • 5 ministros de Lula (eram 14);
  • 4 governadores de Estado (eram 9);
  • 5 senadores (eram 8);
  • Arthur Lira + 5 deputados (eram 7).

Para que os ministros do Supremo Tribunal Federal pudessem participar e chegar a tempo em Lisboa, o presidente da Corte, Roberto Barroso, antecipou as sessões da última semana do mês de junho –antes do recesso. As últimas reuniões para julgamentos presenciais do semestre seriam em 26 e 27 de junho. Foram remanejadas para os dias 25 e 26. É que o fórum de Gilmar começa nesta 4ª feira (26.jun) e vai até 28. Depois, os ministros têm férias durante todo o mês de julho. Só voltam em agosto. 

QUEM PAGA

O STF tem reiteradamente declarado que não paga os custos de viagens particulares de ministros, que são livres para aceitar convites para palestras e seminários. Não fica claro desta vez se cada autoridade presente no fórum pagará suas despesas ou se os organizadores vão bancar passagens, hospedagens e alimentação.

O que cabe à Corte é pagar pela segurança dos ministros, não importa onde estejam. Mesmo em caso de viagem para uma atividade privada, todos os 11 magistrados têm direito a ser acompanhados por algum agente policial.

Barroso havia dito em 10 de junho que há uma “falta de compreensão” com as viagens dos ministros e que eles vivem “encastelados”. Chamou de “implicância” as críticas a Toffoli, que foi para Londres assistir à final da Champions League e levou um segurança –ao custo de R$ 39.000.

Em 2021, o Poder360 mostrou que os magistrados do Supremo contavam com 32 seguranças em Brasília, 16 em São Paulo, 4 no Rio e 7 no Paraná. O custo anual era de R$ 7,9 milhões por ano. Atualmente, porém, os valores não estão claros no site do STF e não se sabe exatamente onde cada ministro esteve com seus seguranças.

Na virada do ano de 2023 para 2024, o STF chegou a pagar a segurança de um magistrado que foi passar férias com a família em Orlando, no Estado da Flórida, visitando a Disney (famoso parque de diversões local).

No Brasil, os ministros da mais alta Corte do país não são obrigados a divulgar anualmente os relatórios de suas atividades privadas, diferentemente do que é feito nos Estados Unidos (entenda neste texto).

Os magistrados da Suprema Corte dos EUA têm sido pressionados sobre a relação mantida com a iniciativa privada. Editoriais de jornais norte-americanos e a sociedade civil têm sido críticos sobre como os magistrados atuam em atividades privadas. Há um sentimento crescente sobre a atuação dos juízes poder representar conflito de interesses.

QUEM ORGANIZA O FÓRUM

Eis as entidades envolvidas na organização:

O tema do fórum de 2024 é “Avanços e recuos da globalização e as novas fronteiras: transformações jurídicas, políticas, econômicas, socioambientais e digitais”.

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