“Fundamental é que houve resistência”, diz Gilmar sobre a Bolívia

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes comentou nesta 5ª feira (27.jun.2024) a situação na Bolívia, país que sofreu uma tentativa de golpe na 4ª feira (26.jun). 

É sempre grave e é sempre preocupante. Nós temos, infelizmente, esses precedentes na América Latina”, declarou Gilmar ao falar com jornalistas em Lisboa. “Mas, o que é fundamental é que houve resistência e a normalidade foi mantida”, completou. O magistrado está em Portugal para participar do 12º Fórum de Lisboa, o “Gilmarpalooza”, evento do qual é um dos organizadores.

Um grupo de militares liderado pelo general Juan José Zúñiga tomou a praça da capital boliviana em uma ação chamada pelo presidente do país, Luís Arce (Movimiento al Socialismo, esquerda), de “golpe” contra o governo.

Um veículo blindado derrubou o portão de entrada do palácio presidencial e Zúñiga enfrentou Arce cara a cara, desafiando sua autoridade.

A jornalistas, Zúñiga disse que os militares buscavam “restaurar a democracia” e pediu a liberação imediata de presos políticos. Depois de o presidente nomear Jose Wilson Sanchez Velásquez como novo comandante-geral do Exército, os soldados se retiraram dos arredores da sede do governo.

Zuñiga foi preso por volta das 20h28 (horário de Brasília) da 4ª feira (26.jun) pelas autoridades bolivianas. A detenção foi feita na entrada da sede do Estado-Maior, em La Paz.

O general foi levado imediatamente para a Procuradoria-Geral. Enfrentará acusações de “terrorismo” e levante armado contra a segurança e soberania do Estado.


Leia mais: 


“Gilmarpalooza”

O 12º Fórum de Lisboa, promovido por Gilmar em Portugal, é uma tradição e foi batizado de “Gilmarpalooza” –junção dos nomes do decano e do festival de música Lollapalooza originado em Chicago (EUA) e cuja versão brasileira é realizada todos os anos em São Paulo com uma multitude de bandas de muitos lugares.

Anfitrião do evento lisboeta, Gilmar convidou todos os ministros do STF –que se dividiram:

A programação inicial contava com todos os ministros do STF. O documento oficial com todos os painéis do fórum e seus participantes havia sido publicado pelo Poder360 em 13 de junho. Depois da publicação, os organizadores do evento procuraram este jornal digital e disseram que se tratava de lista ainda preliminar e passível de alterações –embora não houvesse nenhuma ressalva no arquivo a respeito dessa possibilidade.

A seguir, os números atualizados do “Gilmarpalooza” –entre parênteses, o número de autoridades de cada esfera do poder que constavam na programação inicial:

  • 5 ministros do STF (eram 10);
  • 12 ministros do STJ (continuam sendo 12);
  • 2 ministros do TCU (eram 7);
  • 1 ministro do TSE (eram 5);
  • 5 ministros de Lula (eram 14);
  • 4 governadores de Estado (eram 9);
  • 5 senadores (eram 8);
  • Arthur Lira + 5 deputados (eram 7).

QUEM PAGA

O STF tem reiteradamente declarado que não paga os custos de viagens particulares de ministros, que são livres para aceitar convites para palestras e seminários. Não fica claro desta vez se cada autoridade presente no fórum pagará suas despesas ou se os organizadores vão bancar passagens, hospedagens e alimentação.

O que cabe à Corte é pagar pela segurança dos ministros, não importa onde estejam. Mesmo em caso de viagem para uma atividade privada, todos os 11 magistrados têm direito a ser acompanhados por algum agente policial.

Barroso havia dito em 10 de junho que há uma falta de compreensão” com as viagens dos ministros e que eles vivem encastelados”. Chamou de implicância as críticas a Toffoli, que foi para Londres assistir à final da Champions League e levou um segurança –ao custo de R$ 39.000.

Em 2021, o Poder360 mostrou que os magistrados do Supremo contavam com 32 seguranças em Brasília, 16 em São Paulo, 4 no Rio e 7 no Paraná. O custo anual era de R$ 7,9 milhões por ano. Atualmente, porém, os valores não estão claros no site do STF e não se sabe exatamente onde cada ministro esteve com seus seguranças.

No Brasil, os ministros da mais alta Corte do país não são obrigados a divulgar anualmente os relatórios de suas atividades privadas, diferentemente do que é feito nos Estados Unidos (entenda neste texto).

Os magistrados da Suprema Corte dos EUA têm sido pressionados sobre a relação mantida com a iniciativa privada. Editoriais de jornais norte-americanos e a sociedade civil têm sido críticos sobre como os magistrados atuam em atividades privadas. Há um sentimento crescente sobre a atuação dos juízes poder representar conflito de interesses.

QUEM ORGANIZA O FÓRUM

O tema do fórum de 2024 é “Avanços e recuos da globalização e as novas fronteiras: transformações jurídicas, políticas, econômicas, socioambientais e digitais”.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.