Bolívia convoca embaixador após Argentina questionar golpe

A Bolívia convocou nesta 2ª feira (1º.jul.2024) o embaixador argentino em La Paz, Marcelo Adrián Massoni, para prestar esclarecimentos depois de o governo do presidente da Argentina, Javier Milei (La Libertad Avanza, direita) descrever a tentativa de golpe no país como uma “farsa”.

No domingo (30.jun), o governo argentino divulgou um comunicado criticando a alegação de golpe, feita pelo presidente Luis Arce (Movimento ao Socialismo, esquerda), e sugerindo, sem provas, que o relato não era convincente dada a “situação sociopolítica boliviana”.

“O relato divulgado era pouco crível e os argumentos não se encaixavam no contexto sociopolítico do país latino-americano. O partido político governante controla o Poder Legislativo, o Poder Judiciário, o Poder Executivo e as Forças Armadas”, diz o comunicado argentino. Leia a íntegra (PDF – 80 kB, em português).

Em resposta, Maria Nela Prada, ministra interina das Relações Exteriores da Bolívia, expressou a “enérgica rejeição” do país às declarações argentinas, classificando-as como “hostis e imprudentes”.

“Lamentamos que interesses políticos internos e externos, que já participaram ativamente em 2019 na ruptura da ordem constitucional, inclusive através do envio de munições, mais uma vez tentem ameaçar a estabilidade e a institucionalidade do Estado Plurinacional da Bolívia”, diz o comunicado, referindo-se ao suposto envio de material bélico à Bolívia durante a gestão do presidente Mauricio Macri.

O atrito diplomático entre Bolívia e Argentina foi desencadeado pela tentativa de golpe organizada por um grupo de militares bolivianos em 26 de junho. Eles cercaram a praça Murillo, em La Paz, e tentaram tomar o palácio presidencial. O líder do movimento, Juan José Zúñiga, foi preso.

Arce refutou as alegações de um “autogolpe” e pediu que a Argentina respeite a soberania boliviana.

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