O porta-voz da Casa Rosada, Manuel Ardoni, confirmou nesta 2ª feira (1º.jul.2024) que o presidente da Argentina, Javier Milei (La Libertad Avanza, de direita), não irá para a Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, que será realizada em 8 de julho, no Paraguai.
Segundo o porta-voz da Casa Rosada, a ausência de Milei na cúpula do Mercosul não está relacionada aos recentes atritos com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas, sim, à “agenda cheia” do líder. O libertário será substituído pela ministra das Relações Exteriores da Argentina, Diana Mondino.
O anúncio se dá depois de o libertário direcionar ofensas ao petista, chamando-o de “corrupto” durante entrevista ao La Nación, na 4ª feira (28.jun). O presidente brasileiro também fez duras críticas a Milei em mais de uma ocasião (leia abaixo).
Na fala a jornalistas desta 2ª feira (1.jul), Ardoni também confirmou que Milei virá ao Brasil para participar da CPAC (Conferência de Ação Política Conservadora). O evento será realizado em Balneário Camboriú (SC), em 6 e em 7 de julho.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) também irá discursar na convenção e, segundo o seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), irá se encontrar com Milei.
Apesar de vir ao Brasil, a Casa Rosada não confirmou que o presidente argentino realizará um encontro junto ao presidente Lula.
Adorni afirmou que o argentino nunca se ausentaria por causa de “distâncias ideológicas”, mesmo que, no caso de Lula, essas distâncias sejam “astronômicas”.
Troca de ofensas
A troca de ofensas entre Lula e Milei marcou o período da campanha eleitoral argentina e os primeiros dias depois do resultado. De 7 de setembro a 21 de novembro (2 dias depois da eleição), os 2 falaram negativamente sobre o outro em ao menos 7 (Milei) e 5 (Lula) ocasiões distintas. Entrevistas, cerimônias oficiais e debates presidenciais foram palco para acusações.
À revista The Economist, o argentino disse, em setembro de 2023, que o presidente brasileiro “não é só um socialista”, mas “alguém com uma vocação totalitária”. Ao jornalista peruano Jaime Bayly, declarou que não faria negócios “com nenhum comunista” e chamou o petista de “grande corrupto”.
Lula, por sua vez, em 15 de março, comparou Milei ao Bolsonaro ao dizer que os 2 agem “contra o sistema” político. Em novembro de 2023, declarou que não era obrigado a gostar do presidente de nenhum país, citando a Argentina como exemplo.
Lula também não foi à posse de Milei, em dezembro de 2023. Enviou o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para representar o país durante a cerimônia. Já o Bolsonaro foi diretamente convidado pelo presidente argentino e teve lugar de destaque no evento.