O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan (Partido da Justiça e Desenvolvimento, direita), afirmou a jornalistas nesta 5ª feira (11.jul.2024) que o presidente Joe Biden (Partido Democrata) e o governo norte-americano são “cúmplices” de supostos crimes de guerra de Israel em Gaza. O líder turco também afirmou que os países da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) “alimentam fogo” na Ucrânia.
“A administração dos Estados Unidos, no entanto, desconsidera essas violações e fornece a Israel o maior apoio. Eles fazem isso às custas de serem cúmplices dessas violações”, disse. “Nessa conjuntura, quem imporá qualquer tipo de sanção contra Israel por violar a lei internacional? Essa é a verdadeira questão e ninguém está respondendo isso”, afirmou.
Em entrevista, Erdogan também mencionou o “assassinato brutal” de civis por Israel e ataques a hospitais e centros de assistência, que, segundo ele, constituem crimes de guerra.
Israel nega as acusações de crimes de guerra, defendendo que não tem como alvo civis de forma deliberada no conflito contra o Hamas na Faixa de Gaza. O conflito já resultou em mais de 38.867 mortes de palestinos e 1.139 israelenses, segundo a Al Jazeera (emissora estatal da monarquia do Qatar).
O presidente turco é um ferrenho crítico das políticas israelenses em Gaza, frequentemente expressando apoio à Autoridade Palestina e ao Hamas. Também já se encontrou com o líder do grupo extremista, Ismail Haniyeh, em abril.
Além disso, Erdogan abordou as relações Turquia-Rússia e Turquia-China, bem como os contatos recentes de Ancara com os grupos Brics+ e a OCX (Organização de Cooperação de Xangai), enfatizando uma abordagem diplomática “ganha-ganha”.
“Somos um aliado inabalável da Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte]. No entanto, não acreditamos que isso impeça nossa capacidade de estabelecer relações positivas com nações como China e Rússia”, afirmou Erdogan.
Apesar das falas, a Turquia é um importante aliado histórico da Otan e dos Estados Unidos, mas mantém posicionamentos que contraria demais países ocidentais.
No conflito entre Rússia e Ucrânia, por exemplo, Erdogan optou por não aplicar sanções contra Moscou e se colocou como “parte neutra” no conflito.