O deputado federal Tarcísio Motta (Psol-RJ), pré-candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro, disse em entrevista ao Pode360 que buscará o apoio dos demais partidos da esquerda para vencer Eduardo Paes (PSD), nas eleições de 2024. Paes deve ter a bênção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na corrida pela reeleição.
“A construção da nossa pré-candidatura é uma construção de uma pré-candidatura de esquerda e, portanto, da base do atual governo do presidente Lula. Nós não escondemos nem esconderemos essa situação, e nós seguimos fazendo um chamado à frente de esquerda”, afirmou.
Assista (21min34s):
QUEM É TARCÍSIO MOTTA
Tarcísio Motta tem 49 anos. Ele é doutor em história pela Universidade Federal Fluminense. O congressista foi eleito deputado federal em 2022. Antes de chegar à Câmara dos Deputados, foi vereador em 2016 e 2020 no Rio.
CENÁRIO ELEITORAL
Um levantamento do Datafolha divulgado em 5 de julho indica que Eduardo Paes ganharia no 1º turno das eleições com 53% dos votos, enquanto Tarcísio Motta aparece em 2º lugar com 9% das intenções.
Tarcísio acredita que, após o lançamento formal de sua candidatura, o cenário das pesquisas deve mudar, especialmente devido às suas articulações com os partidos da esquerda e seu apelo a um eleitorado não alinhado a Paes.
“As pesquisas eleitorais até aqui ainda não pegaram o clima da eleição. O atual prefeito é o mais conhecido, e como ele está gastando muito dinheiro em publicidade e na promoção de sua própria figura, é normal que as pessoas acabem por dizer seu nome nas pesquisas”, avaliou.
PODER ENTREVISTA PRÉ-CANDIDATOS
O Poder360 realiza uma série de entrevistas com pré-candidatos a prefeitura das capitais do Brasil. São feitas perguntas sobre pautas econômicas e de costume.
Abaixo, destaques sobre a opinião de Tarcísio Motta a respeito dos temas:
- legalização da maconha e outras drogas – “O uso problemático de drogas é um problema, mas é um problema de saúde pública, sejam essas drogas legalizadas ou não. A ilegalidade e a criminalização da maconha só levam à morte da juventude pobre e negra nas periferias e favelas. Portanto, eu sou a favor da legalização.”
- legalização do aborto – “Já há casos legalizados na legislação brasileira desde 1940, e portanto nos cabe garantir àquelas mulheres que se enquadram nesses casos ter acesso ao aborto legalmente constituído. Mas eu sou a favor da legalização do aborto, porque hoje as mulheres morrem ao fazê-lo em situações clandestinas”;
- privatização das estatais – “Qual é o problema da privatização? É que a lógica do lucro prevalece sobre a lógica da garantia de direitos. Então, a privatização pela privatização e a venda de ativos estatais nós somos contra”;
- segurança pública – “A segurança pública requer sobretudo um plano municipal que entenda a partir de evidências, dados concretos e a produção e análise desses dados como a prefeitura deve agir na prevenção, inteligência e mediação de conflitos. […] Isso significa que a prefeitura tem que arcar com o seu papel e cobrar o governo estadual e o governo federal que cumpram com os seus papéis também”;
- saúde – “O grande gargalo da saúde pública do Rio é a questão do atendimento de média e alta complexidade –portanto o acesso aos especialistas e aos exames. […] Saúde não é só tratar da doença, é promover a saúde, prevenir a doença e tratar a doença quando todo o resto deu errado. Discutir elementos de alimentação saudável, do saneamento básico, tudo isso articulado em um plano rigoroso […] na política de uma saúde integral e integrada;
- sustentabilidade – “O colapso climático e ecológico global não é algo pro futuro, é do presente. […] É preciso adaptar a cidade pros eventos climáticos que virão […] O monitoramento, a moradia digna e de habitação de interesse social, do entendimento dos territórios e do fortalecimento de órgãos como o GeoRio e a Rio Águas […] É preciso mudar a nossa relação com o planeta e trabalhar a transição ecológica e energética necessárias para enfrentar esse desafio urgente do nosso planeta”.
Esta reportagem foi escrita pela redatora Luísa Carvalho e o estagiário de jornalismo Maicon Viana sob a supervisão do editor Victor Schneider.