Uma marca de carros elétricos ainda pequena frente a concorrentes como Tesla e BYD tem tido rápido crescimento nos Estados Unidos. No 1º trimestre de 2024, a Rivian teve alta de 82% em sua receita na comparação com o mesmo período de 2023. Já as vendas subiram 71%.
A empresa tem sido considerada por alguns de seus clientes uma alternativa “anti-Tesla”.
A Tesla é do bilionário sul-africano Elon Musk, que, identificando-se como um “libertário radical”, tem atraído o apoio de políticos e militantes da direita e conservadores e, ao mesmo tempo, a aversão da esquerda e de parte dos liberais. Isso reflete nas empresas das quais Musk é dono. Segundo a Bloomberg, é cada vez mais comum ver Teslas nas ruas dos EUA com um adesivo com a frase: “Comprei isso antes de sabermos que Elon era louco”.
É diante desse cenário que alguns usuários e potenciais usuários da Tesla têm procurado outras marcas para investir no seu carro elétrico. Dentre elas, a Rivian.
Contudo, a empresa ainda está longe de ser uma competidora real da Tesla. No 1º semestre de 2024, sua receita foi de US$ 1,204 bilhão, enquanto a da Tesla foi de US$ 21,301 bilhões. O lucro líquido da empresa de Musk foi de US$ 1,144 bilhão. A Rivian teve um prejuízo de US$ 1,446 bilhão. A montadora produziu 13.980 veículos e vendeu 13.588. Já no caso da Tesla, esses números foram de 433.371 e 386.810, respectivamente. Eis as íntegras dos balanços do 1º trimestre da Rivian (PDF – 321 kB) e da Tesla (PDF – 7 MB).
Porém, quando se leva em conta a comparação com o 1º trimestre de 2023, a percepção se altera. De um lado, a pequena receita da Rivian teve crescimento de 82%, enquanto a da Tesla caiu 9%. Em produção e vendas, a montadora teve alta de 49% e 71%, respectivamente, ao passo que a empresa de Musk teve queda de 2% e 9%. Já no lucro líquido, ambas as montadoras tiveram retração: a Rivian, de 7%. A Tesla, de 55%.
Além do rápido crescimento, o veículo mais popular da “anti-Tesla”, o R1S, foi o veículo elétrico mais vendido nos Estados Unidos acima de US$ 70.000. Mas isso também não significa que a empresa se deu melhor que a de Elon Musk no mercado, já que o carro mais popular da Tesla, o Model Y, tem preço inicial de US$ 31.490. O R1S começa a ser vendido a US$ 75.980.
RIVIAN
Fundada em 2009 por Robert Scaringe –conhecido por RJ Scaringe–, de 41 anos, a empresa começou a despontar como uma promessa no mercado dos elétricos em 2017, quando adquiriu, por US$ 16 milhões, uma fábrica no centro de Illinois (EUA) que havia sido até 2015 da Mitsubishi.
No ano seguinte, a Amazon liderou um investimento de US$ 700 milhões na Rivian. A gigante do varejo também foi sua 1ª grande cliente, adquirindo 100 mil vans elétricas de entrega. Nos anos seguintes, o total de investimentos recebidos pela Rivian da empresa do bilionário Jeff Bezos passou de US$ 10 bilhões.
Os primeiros carros saíram da linha de montagem em 2021. Os altos preços da gasolina nos EUA e problemas na cadeia de suprimentos dos carros tradicionais, à época, encareceram os modelos a combustão e tornaram os elétricos mais equipados. Naquele ano, a Rivian chegou a ser avaliada, por um breve período, em cerca de US$ 150 bilhões –quando foi a 2ª maior montadora dos EUA em valor de mercado.
Contudo, em 2022 as ações da empresa caíram mais de 80%. A fábrica que a Rivian havia anunciado como sendo capaz de produzir 150 mil carros por ano, só fabricou 24.000. Além disso, semicondutores e diversas outras peças importantes entraram em falta no mercado norte-americano.
Em 2023, a empresa voltou a crescer. Produziu cerca de 57.000 veículos e o seu principal modelo, o R1S, vendeu mais nos EUA do que outros veículos elétricos da mesma faixa de preço, como o Tesla Model X, segundo o Kelley Blue Book.
A mudança de rota começou em agosto do ano passado, quando a Rivian iniciou uma série de negociações com a Volkswagen, incluindo uma joint venture focada em software. Em 26 de junho de 2024, a empresa alemã anunciou a intenção de investir até US$ 5 bilhões na norte-americana ao longo dos próximos anos, o que fez as ações da Rivian subirem 50%.