A EIU (Economist Intelligence Unit) alertou para a regressão da democracia no mundo. Em estudo publicado na 5ª feira (15.fev.2024), a divisão de pesquisa do Grupo Economist afirmou que, em 2023, seu Índice de Democracia atingiu o nível mais baixo desde 2006, quando a análise começou a ser desenvolvida.
Segundo os dados referentes ao ano passado, a pontuação média global ficou em 5,23 –uma queda de 0,06 ponto percentual em relação a 2022, quando o índice ficou em 5,29. “Isso [o resultado] concorda com uma tendência geral de regressão e estagnação [da democracia] nos últimos anos”, afirmou o estudo. Eis a íntegra (PDF – 5 MB, em inglês).
A análise afirma que o declínio da pontuação média começou em 2016 e foi agravado pela redução das liberdades civis durante a pandemia de covid. Disse também que, no ano passado, guerras e conflitos prejudicaram “ainda mais” a democracia no mundo.
“A guerra na Ucrânia está enfraquecendo suas já frágeis instituições democráticas (embora continue sendo muito mais democrática do que a Rússia, o país que a invadiu em 2022). […]. A guerra civil no Sudão e a guerra de Israel com o Hamas ameaçam a segurança e a democracia na região”, afirmou.
O Brasil ocupa a 51ª posição da lista, mesmo patamar registrado em 2022. Em 2021, estava em 47º lugar. No passado, o país teve uma pontuação geral de 6,68 e é classificado como uma “democracia imperfeita”.
A Noruega continua a ser o país mais democrático do ranking. A nação ocupa a posição há 14 anos e teve uma pontuação de 9,81 em 2023. É seguida pela Nova Zelândia (9,61), Islândia (9,45), Suécia (9,39), Finlândia (9,30) e Dinamarca (9,28). Já Afeganistão (0,26), Mianmar (0,85) e Coreia do Norte (1,08) ocupam as 3 últimas posições.
METODOLOGIA E RESULTADOS
O chamado Índice de Democracia é elaborado anualmente pela EIU há 18 anos. Ele tem o objetivo de fornecer uma visão geral da situação da democracia em 167 países, sendo 165 Estados independentes e 2 territórios. O indicador baseia-se em 5 categorias:
- processo eleitoral e pluralismo;
- funcionamento do governo;
- participação política;
- cultura política;
- liberdades civis.
Cada categoria recebe uma pontuação em uma escala de 0 a 10. A EIU também analisa os 5 fatores para dar uma pontuação geral para cada país. Com isso, as nações são classificadas em 1 dos 4 tipos de regime:
- “democracia plena”: pontuação maior que 8;
- “democracia imperfeita”: maior que 6 e menor ou igual a 8;
- “regime híbrido”: maior que 4 e menor ou igual a 6;
- “regime autoritário”: menor ou igual a 4.
Segundo o levantamento de 2023, 74 dos 167 países e territórios estão em algum modelo de democracia, sendo 24 “democracias plenas” (não houve alteração de 2022 para 2023). Já a quantidade de “democracias imperfeitas” aumentou de 48 para 50 em comparação com 2022.
Dos 95 países restantes, 34 são classificados como “regimes híbridos”, que combina elementos de democracia formal e autoritarismo, e 59 são classificados como “regimes autoritários”. Em 2022, eram 36 e 59 respectivamente.
Os resultados sugerem que “os regimes não democráticos estão se tornando mais enraizados e que os ‘regimes híbridos’ estão lutando para se democratizar”, afirmou o estudo.
Considerando a população dos países analisados, somente 7,8% vive em “democracias plenas”. Enquanto isso, 39,4% estão sob um regime autoritário.
