No G20, Brasil vai cobrar menos exigências para empréstimos do FMI

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou que o Brasil planeja usar o encontro de chanceleres do G20, previsto para 21 e 22 de fevereiro no Rio de Janeiro, para apresentar propostas para reformular as instituições financeiras.

As declarações foram feitas em entrevista ao jornal O Globo, publicada neste domingo (18.fev.2024). Segundo o ministro, organismos como o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Banco Mundial devem reduzir “condicionalidades e exigências” para emprestar dinheiro a países em desenvolvimento.

“Não digo que é para não ter regras e entregar todos os recursos de qualquer forma, mas terem exigências menores. Tem de haver uma adaptação à necessidade. Não se pode impor uma receita que mata o doente”, disse.

Vieira também defende uma “democratização” das instituições financeiras criadas com o Acordo de Bretton Woods, realizado em 1944 por 45 nações. Segundo o ministro, deve haver uma reforma nos organismos “para que eles sejam instrumentos de apoio, impulso e soluções de endividamento”.

REUNIÃO DO G20

Vieira será o anfitrião da reunião ministerial do G20. Perguntado sobre o foco do encontro, o ministro afirmou que a reforma na governança global será o principal tema. O Brasil defende a medida para tornar organizações, como o Conselho de Segurança da ONU, mais justas, eficazes, representativas e democráticas.

“Essa é uma discussão que será lançada. Cada país vai se manifestar e vamos recolher tudo ao longo do ano. Os países vão poder falar, apresentar suas conclusões e posições, e além dos países-membros do G20, os organismos internacionais”, disse.

O chanceler brasileiro afirmou, porém, haver divergência entre os países sobre o assunto. “Nas Nações Unidas, tem país que quer, tem país que não quer, assim como na OMC. Eu sempre digo que a arma do Brasil é o multilateralismo”, disse.

Segundo Vieira, a reforma na governança global também será discutida em setembro deste ano, depois da abertura da Assembleia Geral da ONU. “A novidade da reunião de Nova York é que ela será aberta também para os países que não são do G20”, disse.

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