O ministro Paulo Pimenta, da Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República), reagiu às críticas recebidas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que havia feito uma analogia entre os ataques de Israel ao Hamas e a política nazista da Alemanha que matou judeus a mando de Adolf Hitler. O petista foi criticado por políticos, entidades da sociedade civil e autoridades estrangeiras.
“O ministro da Defesa de Israel [Yoav Gallant] divulga uma fake news. O Brasil sempre, desde 7 de outubro, condenou os ataques terroristas do Hamas em todos os fóruns”, escreveu Pimenta em seu perfil no X (ex-Twitter).
Eis a mensagem:
O Planalto também divulgou nota sobre o episódio. Disse que Lula “condenou desde o dia 7 de outubro os atos terroristas do Hamas” e que o presidente “se opõe a uma reação desproporcional” das forças de Israel.
Tanto o ministro Pimenta como a nota da Secom em defesa de Lula cometem um erro formal. No dia em que o Hamas atacou Israel por mar, terra e ar em 7 de outubro de 2023, apesar de a autoria do episódio ter sido assumida pelo grupo extremista, Lula evitou sequer citar o nome dessa facção.
No 1º dia, o petista falou em “ataques terroristas” e condenou a ação, mas não mencionou o grupo Hamas. Eis o que disse Lula:
“O Brasil não poupará esforços para evitar a escalada do conflito, inclusive no exercício da Presidência do Conselho de Segurança da ONU. Conclamo a comunidade internacional a trabalhar para que se retomem imediatamente negociações que conduzam a uma solução ao conflito que garanta a existência de um Estado Palestino economicamente viável, convivendo pacificamente com Israel dentro de fronteiras seguras para ambos os lados”, publicou em seu perfil no X.
Naquele momento, o presidente estava em isolamento por ter passado por cirurgia nas pálpebras e no quadril. No 2º dia (8 de outubro), não se pronunciou sobre o tema.
No 3º dia (9 de outubro), Lula discutiu o resgate de brasileiros em Israel com ministros. Foi a 1ª reunião oficial de trabalho do presidente em 10 dias.
Ele conversou por videoconferência com 4 ministros e 2 assessores pela manhã.
Participaram da reunião:
- José Múcio – ministro da Defesa;
- Márcio Macêdo – ministro da Secretaria Geral;
- Alexandre Padilha – ministro da Secretaria de Relações Institucionais;
- Paulo Pimenta – ministro da Secretaria de Comunicação Social;
- Celso Amorim – assessor-chefe da Presidência;
- Marco Aurélio Ribeiro (conhecido como Marcola) – chefe de gabinete do presidente.
No 4º dia (10 de outubro), Lula lamentou morte de brasileiro em Israel. No mesmo dia, falou sobre o conflito entre Hamas e Israel em ligação com o presidente chileno, Gabriel Boric.
No 5º dia (11 de outubro), Lula citou pela 1ª vez o grupo extremista Hamas e pediu que libertasse as crianças israelenses.
“É preciso que o Hamas liberte as crianças israelenses que foram sequestradas de suas famílias”, escreveu o petista nas redes sociais.
Mais recentemente, em 23 de janeiro, o governo, por meio de nota do Itamaraty, afirmou que só um cessar-fogo na Faixa de Gaza poderia interromper a escalada de hostilidade em países do Oriente Médio. Também diz ser preciso retomar as negociações para a criação de um Estado palestino ao lado de Israel.
No texto de 250 palavras, porém, o governo não menciona que foi o Hamas quem iniciou o conflito em 7 de outubro e que mantém, até hoje, mais de 100 reféns capturados em solo israelense.
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