O chefe da política nuclear do Irã, Mohammad Eslami, negou nesta 4ª feira (21.fev.2024) que Rafael Grossi, diretor-geral da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), visitará o país em março. Eslami, entretanto, o convidou para participar da 1ª conferência internacional de energia nuclear iraniana em maio. As informações são da Reuters.
A declaração se deu depois de Grossi afirmar que visitaria Teerã no próximo mês para abordar a deterioração das relações entre a AIEA e o país. O diplomata também disse que o Irã estaria enriquecendo urânio em quantidades muito maiores do que o necessário para fins comerciais.
A visita foi rejeitada nesta 4ª feira (21.fev) por razão de “agenda conturbada”, segundo o chefe nuclear iraniano. Em fala a jornalistas, Eslami disse que as interações do Irã com agência nuclear da ONU (Organização das Nações Unidas) seguem “normalmente” e que discussões para resolver “ambiguidades” e promover a “cooperação” estavam sendo realizadas.
Em uma entrevista à Reuters na 2ª feira (19.fev), Grossi afirmou que, embora o ritmo de enriquecimento de urânio tenha diminuído desde o final de 2023, o Irã continua enriquecendo a uma taxa elevada, chegando a cerca de 7 kg por mês, com uma pureza de 60%.
Esse nível de enriquecimento coloca o urânio muito próximo ao necessário para o desenvolvimento de armas nucleares.
ACORDO NUCLEAR DO IRÃ
Em 2015, o Irã selou um acordo nuclear, arrefecendo o temor do Ocidente de que Teerã usasse a tecnologia nuclear para fins militares. Eis a íntegra (925 KB, em inglês).
Sob o tratado, o Irã concordou em limitar as atividades nucleares e permitir a entrada de inspetores internacionais da AIEA. Em troca, as potências globais suspenderam as sanções econômicas impostas sobre o país persa.
Contudo, em 2018, o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, alegou que Teerã infringiu o compromisso firmado e anunciou a saída do acordo, diluindo o pacto e impondo novas restrições econômicas ao Irã.
Desde então, negociadores buscam firmar um novo acordo em meio a acusações de que o Irã estaria enriquecendo urânio além dos limites firmados.
O acordo inicial foi firmado entre o Irã e China, EUA, França, Reino Unido, Rússia e Alemanha. Agora, as nações tentam retomar os critérios estabelecidos anteriormente. A ideia é tentar assegurar que o programa nuclear do Teerã tenha fins civis. Os iranianos negam estar tentando produzir uma arma atômica.
Em julho, Mohammad Eslami, afirmou que o país manterá as câmeras instaladas pela AIEA desligadas até que o acordo nuclear firmado em 2015 seja restabelecido.