O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta 4ª feira (31.jan.2024) que a dificuldade para combater o crime organizado é que os grupos criminosos viraram uma “grande indústria multinacional”. O chefe do Executivo disse querer “humanizar o combate aos pequenos crimes” e “jogar muito pesado com os grandes criminosos”. E defendeu a maior permanência dos jovens nas escolas como forma de enfrentar o problema da segurança pública.
“Tem jovem que não tem oportunidade e não tem chance, não trabalha e não estuda. Ou seja, o crime organizado não é fácil de combater porque virou grande indústria multinacional. É maior que General Motors, Volkswagen, Petrobras.”
O governo apresentou na semana passada o programa Pé de Meia, que garante uma poupança de até R$ 9.200 para alunos que terminarem o Ensino Médio.
É uma coisa muito poderosa e está na imprensa, na política, no Judiciário, no futebol, são empresários. Eles estão em tudo quanto é lugar do planeta Terra”, disse.
Lula acompanhou a entrevista a jornalistas em que o ministro Flávio Dino (Justiça) fez um balanço da sua gestão. Na 5ª feira (1º.fev.2024), o ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Ricardo Lewandowski assume o Ministério da Justiça. Dino foi indicado por Lula para o STF. O presidente, no entanto, não respondeu a perguntas de jornalistas.
Durante sua fala, Lula disse que países ricos, como os Estados Unidos, falam que uma das soluções para combater o tráfico de drogas é colocar bases militares na Amazônia. O presidente contestou tal crença e disse que é preciso acreditar “na formação de um novo ser humano com base na educação”.
“A gente quer ver se consegue humanizar o combate ao pequeno crime, pessoas mais humildes, e jogar muito pesado, não sei como, para enfrentar a indústria internacional do crime organizado”, disse.
O presidente disse ainda que “os pobres estão metidos no crack” e viram “zumbis na rua”, mas que os ricos, que usam drogas químicas e cocaína refinada, não estão “na periferia bruta”.
Ao terminar o discurso, Lula agradeceu a Dino pelos serviços prestados no comando do Ministério da Justiça por pouco mais de 1 ano. Sem terminar a frase, disse que seu substituto, Lewandowski, “está pegando…” em referência aos desafios do ministério, especialmente na segurança pública.
“Meus agradecimentos a ele porque se aposentou, pensou que ia viver no paraíso com sua esposa, tranquilo, viver ganhando dinheiro do seu conhecimento, da capacidade intelectual, e eis que surge eu e o convido para ele largar essa possibilidade de vida boa e vim meter a mão na massa comigo para a gente ver se faz as coisas acontecerem nesse país”, disse.